A burguesia não pode evitar a falência do capitalismo

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Está se completando pouco mais de um ano desde que a crise imobiliária desatada nos EEUU (a célebre "crise dos subprimes") dava o ponta-pé de partida a uma aceleração brutal da crise econômica mundial. Desde então a humanidade tem sido golpeada em cheio por uma verdadeira onda de empobrecimento. Sofrendo os estragos causados pela alta dos preços (em poucos meses o preço dos alimentos básicos aumentaram mais que o dobro em numerosas regiões do mundo), as camadas sociais mais empobrecidas da população se vêem confrontadas com o horror da fome. As revoltas provocadas por esta e que aconteceram desde o México a Bangladesh, passando por Haiti, Egito, etc., representam tentativas desesperadas de fazer frente a esta situação insuportável. Porém também no coração mesmo dos países mais industrializados as condições de vida de toda classe operária têm se degradado profundamente. Um só exemplo: mais de dois milhões de americanos têm perdido suas moradias por não poder pagar a dívida. Até 2009, um milhão a mais de pessoas estão ameaçadas de ter que morar na rua.

Esta dura realidade que os operários e todas as camadas não exploradoras do mundo sentem na sua própria carne já não pode ser mais negada pela burguesia. As declarações dos responsáveis pelas instituições econômicas e os analistas financeiros expressam o terror da burguesia.

Em 24 de setembro de 2008, o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez segundo os comentaristas e jornalistas do mundo inteiro, um discurso "fora do comum". Seu discurso anunciou sem mais rodeios as tormentas que iam cair sobre "o povo americano":

"Trata-se de um período extraordinário para a economia dos Estados Unidos. Desde algumas semanas, muitos Americanos estão ansiosos quanto a sua situação financeira e o seu futuro. [...] Observamos grandes flutuações na Bolsa e grandes estabelecimentos financeiros estão a ponto de afundar, e alguns faliram. Enquanto está acentuando a incerteza, numerosos bancos procederam a um aperto do crédito. Se bloqueia o mercado do crédito. As famílias e as empresas têm mais dificuldades para pedir empréstimos. Estamos em meio a uma grave crise financeira [...] toda nossa economia está em perigo. [...] Setores chave do sistema financeiro dos Estados Unidos correm o risco de afundar. [...] A América poderia se envolver no pânico financeiro, e assistiríamos a uma situação desoladora. Novos bancos quebrariam, alguns na sua comunidade. O mercado de ações se afundaria ainda mais, o que reduziria o valor das suas pensões de aposentadoria. O valor da casa depreciaria. Os despejos se multiplicariam. [...] Muitas empresas teriam que fechar e milhões de americanos perderiam seu emprego. Inclusive com um saldo credor, lhes seria mais difícil obter empréstimos necessários para comprar um carro ou mandar seus filhos a universidade. Ao fim e ao cabo, nosso país poderia cair em uma larga e dolorosa recessão"

A  economia mundial afetada por um terremoto financeiro

 Realmente, não só a economia americana que está ameaçada "a cair em larga e dolorosa recessão", mas o conjunto da economia mundial. Os Estados Unidos, locomotiva do crescimento mundial desde há sessenta anos, arrastam desta vez a economia mundial para o abismo!

A lista dos organismos financeiros em enorme dificuldade se amplia cada dia.

  • Em fevereiro, o oitavo banco inglês, Northern Rock, teve de ser nacionalizado sob pena de desaparecer.
  • Em março, "se socorre" o quinto banco de Wall Stret, Bear Stearns, sendo adquirido pelo JP Morgan, o terceiro banco americano, através de fundos do Banco federal americano (FED).
  • Em Julho, Indymac, um dos maiores agentes financeiros hipotecários americanos, foi colocado sob intervenção das autoridades federais. Até então é o maior estabelecimento bancário que entra em falência nos Estados Unidos, dede há 24 anos! Porém seu Recorde não resistirá muito tempo.
  • No início de setembro, o jogo de abate tem continuidade. Freddie Mac e Fannie Mae, duas agências de refinanciamento hipotecário que estão avaliados juntos em cerca de 850 bilhões de dólares, evitam a falência graças à sustentação dada pelo FED.
  • Há poucos dias, Lehman Brothers, o quarto banco americano, se declara em falência e desta vez o FED não o salvará. O total das dívidas do Lehman Brothers alcançava 613 bilhões de dólares em 31 de maio. Recorde batido! A maior falência de um banco americano até agora, a do Continental Illinois em 1984, colocava em jogo uma soma dezesseis vezes mais modesta (ou seja 40 bilhões de dólares)! Reflete  a gravidade da situação.
  • Para evitar esse mesmo destino, Merril Lynch, outro florão americano, teve de aceitar seu resgate em caráter de urgência pelo Bank of América.
  • Assim aconteceu também com o HBOS, readquirido por seu compatriota e rival Lloyds TSB (respectivamente segundo e primeiro banco da Escócia).
  • O Banco central americano também salvou segurando pelos cabelos a AIG (American International Group - uma das maiores seguradoras mundial). Na realidade, as finanças do Estado americano, também  elas estão muito mal; esta é a razão pela qual o FED havia decidido não ajudar a Lehman Brothers. Se apesar de tudo o fez  para AIG, é que a situação se teria tornado completamente incontrolável no caso de falência deste organismo.
  • Novo Record! Há apenas duas semanas depois de Lehman Brother, chegou a vez de Washington Mutual (WaMu), a maior caixa de penhores dos Estados Unidos, interromper atividades e fechar! [1]

 Inevitavelmente, as Bolsas também estão envoltas na tormenta. Diariamente, caem de 3, 4 ou 5%, ao ritmo das falências. Inclusive a Bolsa de Moscou teve de fechar suas portas durante vários dias, no meado de setembro, após quedas sucessivas que ultrapassaram em 10%!

Que a crise econômica mundial atual é particularmente grave já o sabe a classe operária posto que é a primeira que sofre suas brutais conseqüências. A verdadeira questão é de saber se trata de algo passageiro, de uma sorte de depressão momentânea ou de um expurgo curativo que permitiria a economia mundial castigar hoje os abusos financeiros, para retomar, amanhã, com forças redobradas. Ou será que a aceleração atual da crise mostra na realidade a quebra histórica do capitalismo?

1967-2007: quarenta anos de crise 

Para dizer a verdade, a crise não começou em 2007, mas no final dos anos sessenta. A partir de 1967 começaram a suceder abalos do sistema monetário e as taxas de crescimento das economias das nações mais poderosas diminuíram pouco a pouco. Colocava-se fim assim no período de "prosperidade" dos anos 50 e 60 [2] . Se esta crise não iniciou com a virulência e a espetacularidade como a que aconteceu em 1929, foi pela simples razão de que os Estados, que haviam aprendido as lições do período negro de entre - guerras se empenharam em evitar que a economia se visse envolvida pela superprodução, recorrendo para isso a um recurso artificial: o endividamento sistemático e generalizado. Mediante este endividamento dos Estados, das empresas e dos particulares, a "demanda" pôde manter-se quase em nível da "oferta". Ou dito de outra forma: foi graças ao crédito que as mercadorias encontraram saída.

Porém o endividamento é só um paliativo, que não cura o capitalismo da enfermidade mortal da superprodução. Incapaz de "sanar" realmente, este sistema de exploração está obrigado a recorrer continua e crescentemente a este artifício embora seja só para sobreviver simplesmente. Em 1980, o montante da dívida dos Estados Unidos era quase igual à produção nacional. Em 2006, a dívida já era 3,6 vezes maior, alcançando a cifra de US$48,3 bilhões. Trata-se como pode se ver de um autêntico adiamento dos problemas. É inegável que o capitalismo vive sobre uma montanha de dívidas. A isso os especialistas burgueses replicam: "e, que importa se funciona...!" Porém a realidade é bem distinta. O endividamento não é uma solução mágica. O capital não pode continuar sacando indefinidamente dinheiro de sua cartola. É o abcê do comércio: toda dívida deve ser devolvida algum dia sob pena de acabar trazendo problemas ao credor que pode levá-lo inclusive a bancarrota. É uma espécie de eterno retorno, um permanente recomeço que permite ao capital unicamente ganhar algum tempo a respeito da sua crise histórica. Porém é algo pior que isso! Ao retardar os efeitos da sua crise para amanhã o que conseguem na realidade é alimentar explosões econômicas ainda mais violentas. A tempestade da crise asiática de 1997 teve um aspecto fulminante e devastador que demonstra concretamente do que falamos. Então os famosos "tigres" e "dragões" tinham crescimentos recordes graças a um endividamento massivo. Porém quando teve que devolver os empréstimos tudo desmoronou como um castelo de cartas. Em questão de semanas esta região caiu literalmente aniquilada (um milhão a mais de desempregados em poucas semanas só na Coréia, por exemplo). A burguesia mundial não teve outra saída, para evitar que esta tormenta se propagasse na economia mundial, que voltar a conceder novos empréstimos de dezenas de milhões de US$. Trata-se de um autêntico circulo infernal e cada vez mais acelerado! O remédio vai perdendo progressivamente a eficácia. Assim o enfermo deve recorrer, para sobreviver, a doses mais elevadas e freqüentes. Desta vez, os efeitos da perfusão de 1997 apenas duraram quatro anos. Em 2001 explodiu a "bolha da internet". Adivinhe qual foi a "solução" da burguesia? Um aumento espetacular do endividamento! As autoridades econômicas norte americanas, conscientes do estado real da sua economia e da sua dependência da droga do crédito, se apegaram com tal avidez ao endividamento que um analista do Banco ABN-AMRO apelidou A. Greespan - então diretor do Banco central Norte-Americano - de autentico "Hércules da prancha de fazer bilhetes"!

O ritmo da crise se acelera brutalmente

De 1967-2007 se estende um longo período de crise com fases alternativas de calma e de recessão mais ou menos profundas. Porém nos últimos dez anos a história parece acelerar e o novo episodio aparece como uma tempestade particularmente violenta. A montanha de dívidas acumuladas durante quatro décadas tem se transformado, após as crises de 1997 e 2001, em um verdadeiro Everest cujo capital despenca em queda livre.

Durante uma década, a burguesia dos Estados Unidos tem facilitado enormemente que as camadas mais desfavorecidas da classe operária tenham acesso ao crédito imobiliário. Porém ao mesmo tempo, e devido à crise, tem lhe submetido a um enorme empobrecimento através do desemprego, da precariedade no emprego, cortes salariais, promovendo cortes nos serviços assistenciais, etc. O resultado tem sido inevitável: grande parte daqueles a quem os bancos têm incentivado a endividar-se para comprar uma casa (ou a hipotecar sua moradia simplesmente para comprar alimentos, roupas...) já não estão em condições de pagar a dívida. Privados do retorno do "seu" dinheiro, os bancos têm acumulado perdas tão importantes que cada vez maior número de estabelecimentos financeiros estão falidos ou ameaçados de falir. Pela tortuosa via da "titularização", quer dizer a transformação de créditos em valores mobiliários negociáveis no mercado mundial como qualquer ação ou obrigação, as entidades de crédito têm conseguido revender estes créditos a bancos de todos os países. Por isso, a crise das "subprimes" tem alcançado o sistema bancário em todo o planeta. Porém é sempre a classe operária quem paga os prejuízos, e os bancos já suprimiram 83 mil empregos no mundo desde o começo de 2007. E essa cifra poderá dobrar nos próximos meses segundo informou o periódico Les Echos em 24 de julho de 2008 passado.

O sistema bancário é o coração da economia, pois é onde se concentra todo o dinheiro disponível: se o banco desaparece, as empresas param porque não podem pagar seus assalariados nem comprar matérias primas nem máquinas, como também não podem contratar novos empréstimos e hoje inclusive os bancos que não estão em estado falimentar restringem brutalmente a concessão de créditos diante do temor de não ser reembolsados no atual clima econômico.

A conseqüência é inexorável: a atividade econômica torna-se brutalmente lenta. Na zona do Euro o PIB caiu 0,2% no segundo semestre de 2008. Na indústria, Peugeot, Altadis, Unilever, Infineon,..., suprimem milhares de empregos. A General Motors está ameaçada pura e simplesmente de falência e anuncia a possibilidade de cortar 73.000 postos de trabalho (Le Figaro, 10 de março de 2008). Quando a direção da Renault proclama, ao anunciar a supressão de 5.000 empregos, que "é melhor fazê-lo quando começa a mudar o vento que quando a tormenta venha em cima" (citado em Le Monde no dia 25 de julho), o que querem dar a entender e que a casa está em chamas e que para os trabalhadores se avizinha o pior.

Pode a economia capitalista sair do túnel?

Porém imediatamente surge uma pergunta: Porque não continuar aumentando a dívida, tal como se fez após o estouro da "bolha Internet"? É que não há um novo "Hércules da prancha de fazer bilhetes" seja no FED norte-americano ou em qualquer outra parte?

Na realidade, a intensidade atual da inflação demonstra que o endividamento tem alcançado limites que não podem ser ultrapassados, no momento, sem que o remédio seja pior que a doença. O endividamento implica na emissão de quantidades de dinheiro cada vez mais consideráveis. Segundo o economista P.Artus: "A massa líquida aumentou em 20% desde o ano de 2002". Porém tamanha emissão de massa de dinheiro não pode senão engendrar fortes pressões inflacionárias. Além disso, especuladores do mundo inteiro vieram acentuar esta tendência inflacionária ao embarcarem em mercados como o petróleo ou de alimento de primeira necessidade.  Fugindo de uma área onde anteriormente apostavam, tal como a aplicação nas ações das empresas nas bolsas (por conta da crise), na chamada "nova economia" ou nas imobiliárias (em processo de naufrágio), especulam agora com bens, como o petróleo ou os alimentos, que somos obrigados a comprar, e pelo qual boa parte da humanidade se vê condenada ao aumento da fome ainda mais terrível.

  O perigo é grande para a economia capitalista. A inflação é um verdadeiro veneno, pois pode conduzir ao naufrágio da moeda e a desajustes no sistema monetário mundial. O atual debilitamento do US$ vai por aí. Se isso chegar a consumar, se causaria um colapso do comércio mundial pois a moeda americana é uma referência internacional. É muito significativo que os diretores dos grandes bancos centrais (o FED, o BEC,...) reiteram em todas as intervenções duas mensagens contraditórias: de um lado dizem que para evitar a recessão tem que continuar "abrindo mão" do crédito, que tem de baixar as taxas de juros para incrementar a demanda, por outro, esses mesmos diretores, querem combater a inflação, ou seja, aumentar as taxas de juros para frear o endividamento! E não é que esses grandes burgueses sejam esquizofrênicos. É que expressam simplesmente a contradição real na qual está preso o capitalismo. Este sistema se vê agora acuado ante espada da recessão e a parede da inflação. Ou seja, que, em continuidade, a burguesia se vê obrigada a navegar entre duas águas: parar o endividamento para conter a inflação porém sem cortar em demasia o recurso do crédito com a finalidade de não bloquear a economia como aconteceu em 1929. Em resumo: estão realmente em um atoleiro.

Rumo a um novo 1929?

 Frente a esta onda de más notícias, inclusive os maiores especialistas da economia perdem o sentido. Alan Greespan, o antigo Presidente do FED (considerado como Presidente "mítico" pelos seus pares) declarou assim no canal de televiso ABC, no dia 15 de setembro de 2008; "Temos de reconhecer que se trata de um acontecimento que se produz uma vez a cada 50 anos, provavelmente uma vez por século [...] Não cabe dúvida, nunca se viu semelhante fenômeno, não se acaba e vai durar". Ainda mais significativa foi a declaração do Premio Nobel de economia, José Stiglitz, que querendo "acalmar os ânimos" afirmou ingenuamente que a crise financeira atual seria menos grave que a de 1929, a pesar de que é necessário proteger-se de um "excesso de confiança". Longe de tranqüilizar, este eminente especialista da economia, porém não de psicologia, provocou obviamente o pânico geral. Na realidade expressou em voz alta o que todos pensam às escondidas:  será que vamos rumo a um novo 29, para uma nova "depressão"?

Desde então, para tranqüilizar-nos, se sucedem os economistas diante das telas para explicá-nos que a embora a crise atual seja muito grave, porém não tem nada a ver com a quebra de 29 e que, de todos os modos, tudo acabará por resolver-se. Não dizem a verdade mais que a metade. Quando a Grande depressão, nos Estados Unidos, milhares de bancos faliram, milhões de pessoas perderam suas economias, a taxa de desemprego alcançou 25% e a produção industrial decresceu em 60%. Para resumir, a economia paralisou. Na realidade, naquele momento os dirigentes dos Estados reagiram muito tardiamente. Haviam deixado os mercados abandonados durante vários meses. E o pior,  a única medida que tomaram foi a de fechar as fronteiras para as mercadorias estrangeiras (por meio de medidas protecionistas) o que acabou de bloquear o sistema. O contexto é muito diferente hoje em dia. A burguesia aprendeu muito daquele desastre econômico, se dotou de organismos internacionais e supervisiona a crise com muito cuidado. Desde o verão de 2007, os distintos bancos centrais (principalmente o FED e o Banco Central Europeu - o BCE) injetaram cerca de 2 trilhões de dólares para salvar as entidades em dificuldades. Assim lograram evitar a queda brusca e brutal do sistema financeiro. A economia está desacelerando a toda velocidade, porém não para. Contrariamente ao que dizem todos estes especialistas e demais licenciados em ciências, a crise atual é muito mais grave que a de 29. O mercado mundial está completamente saturado. O crescimento das recentes décadas não foi possível  senão através do endividamento massivo. O capitalismo está hoje imerso sob uma montanha de dívidas [3]!

"Moralizar" o mundo das finanças?

Alguns políticos ou alto responsáveis pela economia mundial nos dizem hoje que é necessário "moralizar" o mundo das finanças com a finalidade de impedir que sejam cometidos excessos que causaram a crise atual e de permitir a volta a um "capitalismo sã". Porém se abstêm de dizer (o não querem saber) que o "crescimento" dos anos passados foi precisamente permitido por estes "excessos", ou seja, pelo adiamento das contradições através do endividamento generalizado do capitalismo. Não são os "excessos financeiros" os verdadeiros responsáveis pela crise atual; esses excessos e essa crise das finanças só fazem expressar nada menos que a crise sem saída, o impasse histórico que chegou o sistema capitalista em seu conjunto. Por isso não haverá verdadeira "saída do túnel". O capitalismo vai continuar caindo inexoravelmente. O plano Bush de 700 bilhões de dólares, que supostamente deveria "sanear o sistema financeiro", será inevitavelmente um fracasso. Se aceita este plano, o Governo americano poderá recuperar os créditos "duvidosos" para comprovar as contas dos bancos e reativar o crédito. Ao anuncio deste plano, as bolsas se aliviaram e estabeleceram recordes de alta em um só dia (9,55% na Bolsa de Paris, por exemplo), porém desde já, mantêm um sobe e desce, já que, basicamente nada está verdadeiramente normalizado. As causas profundas da crise prosseguem: o mercado fica mais saturado de mercadorias invendíveis e os estabelecimentos financeiros, as empresas, os Estados, os particulares... continuam sendo moídos pelo peso das suas dívidas.

O capitalismo está em um beco sem saída, o futuro pertence ao proletariado

A recessão atual é um novo episódio particularmente grave e violento do naufrágio histórico do capitalismo. A crise, que já dura quarenta anos tem mudado de ritmo e experimenta hoje uma brusca aceleração. Com isso não queremos dizer que estamos diante de uma espécie de "crise final" que conduza o capitalismo ao colapso e que esse desapareça por si mesmo. O que verdadeiramente é importante é que esta situação, que não vivíamos desde 1929, terá consideráveis implicações tanto nas condições de vida da classe operária como no desenvolvimento das suas lutas. A burguesia vai descarregar seus ataques contra o proletariado e como sempre vai tentar que seja este que pague a crise. Uma coisa é certa: nenhuma das políticas econômicas que nos propõem os diferentes partidos (desde a extrema direita a extrema esquerda), dos distintos países, pode aliviar esta situação. Só a luta da classe operária pode frear os planos da burguesia. Y o desenvolvimento da inflação que afeta a todos operários cria um terreno propício à luta unida e solidária. Porém o desenvolvimento da luta da classe operária não é somente o único meio que pode impedir que a burguesia golpeie nossas vidas. Constitui, além disso, o único caminho efetivo para fazer possível a derrubada do capitalismo e a construção de uma nova sociedade - o comunismo - em que as crises já não existem posto que não se produza para o lucro, mas para a satisfação das necessidades humanas.

(Setembro de 2008)


[1])  Ao anúncio de todas estas falências em série, não podemos pensar sem indignação nos salários sacados nos últimos anos pelos responsáveis pelo diversos organismos. Por exemplo, os líderes dos cinco principais bancos de Wall Street ganharam 3,1 bilhões de dólares em 5 anos (Bloomberg). É hoje é a classe trabalhadora que sofre as conseqüências da sua política. Embora o excesso do seu salário não consiga explicar a crise, revela o que é a burguesia: uma classe de gangsteres que tem o maior menosprezo pelos trabalhadores, as "pessoas comuns"!

[2]) )  Hoje tem lugar na CCI um debate para compreender melhor os mecanismos deste período da economia capitalista, debate que começamos a publicar na nossa imprensa (veja "Debate interno de la CCI: Las causas del periodo de prosperidad consecutivo a la segunda guerra mundial", na  Revista Internacional, nº 133: 2º trimestre de 2008). Conclamamos vivamente a todos  nossos leitores a participar desta discussão seja nas nossas reuniões (permanências, reuniões públicas), por correio postal ou eletrônico.

[3]) Os "créditos duvidosos" (ou seja que correm o risco de não serem liquidados) alcançam hoje, um nível  mundial entre 3 e 40 trilhões de dólares, segundo as avaliações. A imprecisão desta gama vem de que os bancos negociaram mutuamente esses empréstimos incertos, a tal ponto que não logram hoje avaliar realmente!

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