A Segunda Guerra mundial e o passo das organizações trotskistas para a contrarrevolução

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A IIª guerra mundial e passagem dos Trotskistas à contrarevolução

Atualmente é possível ter acesso aos documentos [1] que dão testemunho do papel contra-revolucionário de todas as seitas Trotskistas durante a segunda guerra mundial. Mas os fatos superam todo entendimento, e é ainda com maior vigor e repugnância que devem ser denunciados quando suas posições políticas são lidas.

Fosse qual fosse o grupo ao qual pertenciam, os Trotskistas renegaram, abandonado o campo operário e o internacionalismo proletário no curso da segunda guerra mundial. As posições revolucionárias clássicas do movimento operário sobre a guerra imperialista no século XX: derrotismo revolucionário, rejeição de toda palavra de ordem nacionalista e combate contra a própria burguesia de seu próprio país, foram pisoteadas por todos os Trotskistas.

A defesa de um campo imperialista: a URSS leva-os naturalmente ao terreno nacionalista e burguês através de táticas conjunturais muito diversas, mas todas contra-revolucionárias.

É assim que enredados pelos interesses de um campo burguês, participaram da guerra imperialista e o que é mais dramático, conduziram os operários que lhes seguiam a se fazer massacrar pelos interesses que não são os seus, mas o de um campo imperialista.

Da ocupação da França à entrada da URSS na guerra (Junho 1940-Junho 1941)

As duas frações Trotskistas existentes na França em 1939 (provenientes do ex -POI e do ex -PCI) foram excluídas uma depois da outra do PSOP de Marceau Pivert [2]. Os Trotskistas, depois de ter realizado toda uma política de entrismo a social-democracia quer dizer no campo inimigo dos trabalhadores, tinham efetivamente recomeçado as mesmas políticas de entrismo com os "socialistas de esquerda" do PSOP. São excluídos durante o outono de 1939 depois da declaração de guerra. Tomam então atitudes opostas, ambas apoiando, no entanto a uma fração da burguesia:

  • 1) O comitê francês pela IV internacional, que reagrupa a antigos militantes do POI do pré-guerra, sustenta à fração "democrática" gaulista [3].
  • 2) Os militantes do ex PCI de pré-guerra apóiam à fração fascista.
O "comitê francês pela IVª Internacional"

Este se constituiu a partir de  ex-militantes do POI (fração reconhecida pela IV internacional). Ele publica em 1940 as Teses nacionais do comitê francês (boletim do Comitê pela IV internacional), adotadas em 20 de setembro de 1940 por unanimidade do comitê central, que consideravam a França como uma "nação oprimida", "semicolonial". Estas teses conduzem esta fração a defender a idéia de que era necessário libertar o estado nacional antes de fazer a revolução. É a posição clássica dos Trotskistas, válida para todas as nações do terceiro mundo. Por esta via, esta fração apoiará ao que chama as "aspirações libertadoras das massas" e de maneira "crítica", a resistência". Ainda que a partir de um ponto de vista Trotskista, estas posições vão tão longe na abjeção nacionalista e contra-revolucionária que serão condenadas em seguida pelas teses da Conferência européia da IV internacional de fevereiro de 1944 [4]: "em lugar de distinguir entre o nacionalismo da burguesia vencida (...) e o "nacionalismo" das massas (...) a direção do POI considera como progressista a luta de sua própria burguesia, não toma distância face ao gaulismo e se conforma em dar-lhe uma forma de terminologia mais "revolucionária". Pondo a burguesia francesa imperialista e vencida no mesmo nível que o das burguesias coloniais, a direção do POI adquire uma concepção completamente falsa da questão nacional e difunde perigosas ilusões quanto ao caráter das organizações nacionalistas que, longe de constituir "aliados" hipotéticos para o proletariado revolucionário, são como a vanguarda contra-revolucionária do imperialismo"

Esta condenação não resolve em nada do ponto de vista revolucionário; pelo contrário confirma as posições nacionalistas da IV Internacional e seu apoio "critico" ao movimento de massas da Resistência.

Efetivamente, ao prosseguir a leitura destas Teses é constatado que criticam igualmente a atitude da outra fração, o ex-PCI, conhecido a partir de 1943 com o nome de "Comitê Comunista Internacionalista" (CCI), de ter uma atitude "sectária".

Evidentemente que esta fração não é a melhor.

O ex-PCI

Ele publica então La Seule Voie [A Via Única]. Por que a conferência européia da IV Internacional critica suas políticas nas Teses? Porque esta se isola das massas! Isso quer dizer que os primeiros a se misturar com as massas nacionalistas teriam então a Razão? Sim! O texto de condenação prossegue denunciando o CCI "que recusa obstinadamente distinguir entre o nacionalismo da burguesia e o movimento de resistência das massas".

A conferência européia confirma de fato e oficialmente nestas Teses, o apoio do movimento trotskista à Resistência.

As orientações políticas desta fração (do ex-PCI) são igualmente nacionalistas e não têm nada a invejar daquelas do Comitê francês. Com efeito, a organização deu "como missão" a Henri Molinier [5] e Roger Foirier a de trabalhar "no interior de uma organização fascista e entre seus círculos dirigentes[6]. Henri Moliner jogou um papel relativamente importante no Rassemblement National Populaire [Agrupamento Nacional Popular] (RNP) de Marcel Deat, que era um movimento favorável ao nazismo [7]. Este "entrismo" seria justificado por esta corrente com a idéia de que os alemães ganhariam a guerra e que o fascismo seria instalado por um longo período na Europa. Neste contexto as organizações fascistas se convertiam em organizações de massas, e teria que se aprender a conviver com elas.

A IV Internacional se encontrava desde a sua criação gangrenada pelo centrismo, mas com a guerra mundial perde tudo o que ainda lhe restava de orientação marxista.

Tanto a um como a outro grupo, a defesa do Programa de transição e a posição de "não se isolar das massas" levam-os a sustentar uma fração da burguesia contra outra e por meio disto, conduzem os operários à guerra em favor de um campo imperialista.

Voltemos às orientações do Comitê francês o mais apto para mistificar os operários ao lutar contra o fascismo, a outra fração era menos perigosa sob o ponto de vista dos trabalhadores, porque a classe operária na França não pensava então que Hitler ou Pétain defendessem seus interesses!

La Verité  [A Verdade] órgão do Comitê francês

Escreve: "Integrar-nos no movimento de patriotismo popular, ampliar nossa base de ação, (...) não pode mais do que nos permitir progredir e enraizar nossa atividade nas massas (...) E o renascimento de nosso país depende da iniciativa do povo da França (...) Só a iniciativa popular pode reviver a França. Só os comitês formados para criá-la, organizá-la, dirigí-la, podem substituir as engrenagens da França defunta (...) A França não sairá do atoleiro mais do que pela iniciativa das massas populares, unidas na luta por uma nova França" [8].

Não se pode fazer nada melhor em matéria de chauvinismo e em chamados aos operários a se fazer massacrar na guerra imperialista através da Resistência. Para culminar, La Verité (n° 6, 15 nov 1940) lança a palavra de ordem de criação de Comitês de vigilância nacional, "para controlar o movimento". Tratava-se de dirigir, organizar o "movimento de comemoração do 11 de novembro de 1918" (festa da vitória do imperialismo francês durante a Primeira Guerra mundial) depois da manifestação nacionalista em Paris, sob o Arco do Triunfo, em 11 de novembro de 1940.

A entrada da URSS na guerra (Junho de 1941)

Desde a entrada na guerra por parte da URSS, a política dos Trotskistas evolui e tende a se homogeneizar no apoio comum à URSS. Porque, claro, "é necessário defender à URSS[9] e por isso, "constituir comitês operários de resistência". Mas não se atrevem ainda a falar abertamente da Resistência: a Resistência francesa gaulista contra o ocupante é caracterizada então pelo Comitê francês como um movimento anti-imperialista da pequena burguesia. Mas a criação dos Comitês operários de resistência são apesar de tudo, a preparação e a porta entreaberta para defender abertamente a futura Resistência.

Nas teses adotadas em 1942 [10] pode-se encontrar uma expressão adornada de verborréia radical para camuflar de fato, uma política também burguesa, guerreira e chauvinista: "Na situação atual, a raiva da pequena e média burguesia se dirige naturalmente contra a dominação sobre a Europa do capital financeiro alemão e da Gestapo".

Eis aqui como através deste apoio "critico", os Trotskistas se justificam e se arrojam na guerra imperialista. A Social-democracia francesa durante a primeira guerra mundial tinha então justificado, seu apoio à burguesia francesa pela luta contra a reação prussiana. Os Trotskistas adornam sua participação na guerra imperialista com justificativas igualmente falaciosas. Para estes últimos tratava-se de lutar contra a Gestapo e o capital financeiro alemão. Onde está a diferença? Lênin e os revolucionários romperam com a Social-democracia e fundaram a 3ª Internacional para romper contra esta política militarista e imperialista. É toda esta experiência do movimento operário que os Trotskistas pisoteiam com estas Teses sobre a questão nacional.

Estas teses foram criticadas pelos grupos que publicam La Lutte de Classes e La Seule Voie (o ex-PCI) que as consideram como abandonos do derrotismo revolucionário e como "stalinismo de esquerda" [11]. Mas o que fizeram estes grupos?

La lutte de classes

Esta crítica que pode parecer revolucionária oculta de fato as mesmas posições burguesas de fundo. Já Falamos do ex-PCI.  A política do grupo La lutte de classes (ou grupo Barta, ancestral do agrupamento Lutte Ouvriere atual que cindiu do Comitê francês pela IV Internacional em outubro de 1939 para separar-se "de um meio pequeno burguês cujas práticas organizacionais procedem mais da social-democracia que de um bolchevismo verdadeiro[12] não se encontra muito afastada fundamentalmente destes últimos. Toma partido pela URSS, o que quer dizer que esta confraria Trotskista, como as outras, acorrenta a classe operária na defesa de um campo imperialista: o campo stalinista contra o campo fascista: "É necessário ajudar à URSS por meio de uma política independente de classe. É necessário impedir que a máquina de guerra do imperialismo alemão funcione contra a URSS derrubando o capitalismo europeu (...). O Grupo Comunista (IV Internacional) chama os trabalhadores franceses a dar uma ajuda acentuada e sistemática à União Soviética (...) É necessário sabotar ao máximo a "reabilitação" imperialista. Nem um voluntário para prolongar a guerra!. Este texto termina com: "viva o exército vermelho!" " (La lutte de classes n° 3, nov. de 1942). Este apoio ao campo imperialista russo é justificado por este grupo com o argumento de que a URSS continua sendo um Estado "vermelho" fundado sobre "a economia planificada[13]. E isso justifica então ações de sabotagem e uma atividade armada contra o aparelho militar alemão [14]. É assim, que este grupo Trotskista defendia a necessidade da luta contra o STO (Serviço de Trabalho Obrigatório) na Alemanha, e isso, ainda por meio da ação de sabotagem. "Os operários conscientes devem duplicar as possibilidades mínimas de ação legal, por meio da organização de núcleos clandestinos formados por operários seguros que considerarão todos os meios de propaganda e de ação que permitam à classe operária ganhar terreno". [15]

É assim, que um de seus militantes, Mathieu Bucholz que se ocupava da sabotagem ao STO, desapareceu [16], vítima certamente dos stalinistas. O grupo Lutte de masses justifica esta forma de resistência à Alemanha com a idéia de que todo operário francês que partia ao trabalho obrigatório nas fábricas alemãs, deixava livre então a um operário alemão que podia partir a bater-se na frente do Leste contra o exército vermelho e o "Estado operário degenerado", a URSS (!). É claro que esta palavra de ordem não tem nada a ver com a palavra de ordem internacionalista de denúncia a todos os campos imperialistas, para voltar suas armas contra sua própria burguesia. Esta palavra de ordem se aplicava do mesmo modo contra o Estado russo. Para Lutte de classes trata-se de sabotar os esforços de um campo imperialista para ajudar a outro, a URSS!

Como o vimos, Lutte Ouvriere que atualmente se vangloria de um suposto "internacionalismo" de seus ancestrais não tem nada a invejar dos outros grupos Trotskistas. A defesa do "Estado operário degenerado", a URSS, conduziu-lhe a enviar os proletários à carnificina imperialista.

E o cúmulo da abjeção. Face à Resistência não somente L.O. (Grupo francês Lutte Ouvrière [Luta Operária] que publica Lutte de classes [Luta de classes] jamais a denunciou, mas ao contrário, impulsionou os operários a participarem ativamente nela. É assim que o número 24 de Lutte de classes de 8 de fevereiro de 1944 desenvolve uma defesa "radical" e "revolucionária" da Resistência: "Onde quer que estejas, na Alemanha, (...) no maquis (N. do t: guerrilha rural da Resistência) ou nos grupos de partisans, se não podes ocultar-te nas cidades, não esqueças que és filho da classe operária que luta contra os capitalistas. (...) Nos grupos de resistência, nos maquis, exige teu armamento e a eleição democrática dos chefes pelos membros dos grupos".

Durante este período, é o Comitê francês pela IV Internacional quem leva a palma do chauvinismo. A 31 de março de 1943, La Verité [A Verdade] num artigo intitulado A segunda frente e a frente operária escreve: "Os aliados contribuirão primeiramente com as armas: seria indigno de revolucionários recusá-las, porque, sem armas, a luta contra o imperialismo, qualquer que seja, é impossível. Mas não é suficiente discutir sobre "a insurreição nacional", é necessário definir os meios e os objetivos. Libertação do território...)"..Eis aí como com uma fraseologia revolucionária a classe operária é chamada a fazer-se massacrar e continuar a guerra em favor de um campo que não é o seu. Claramente, diz aos operários: "É necessário fazer a guerra primeiro, é necessário fazer a união nacional com a burguesia, liberar o território e depois... será talvez a questão para vocês, a revolução".

Os revolucionários sabem o que esta linguagem chauvinista de chamados à união nacional entre todas as classes quer dizer. É a mesma linguagem que a Social-democracia utilizou durante a guerra de 1914 para justificar o alistamento da classe operária na guerra imperialista. Os revolucionários não têm mais do que uma só política, a defesa dos interesses da classe operária que são totalmente antagônicos aos da burguesia, aos do Estado capitalista. A política dos Trotskistas, como a da social-democracia conduz ao abandono do proletariado de seu terreno de classe, à sua derrota e a mais massacres de milhões dos seus. Mas em um período em que a classe se encontra vencida, como era o caso no momento da segunda guerra mundial, tais declamações "revolucionárias" são então ainda mais graves, porque empurram a classe operária à maior desmoralização terminando com a derrota. Eis aqui como, sob uma linguagem radical, os Trotskistas tocaram o fundo da abjeção e desempenharam para a classe operária o papel de recrutadores para os interesses imperialistas da burguesia.

Da reunificação do movimento Trotskista à "Libertação" (de Fevereiro ao verão de 1944)

O início do ano 1944 abre para os Trotskistas franceses e europeus um período chave: o avanço do exército vermelho faz as tropas alemãs retrocederem para além das fronteiras dos Estados bálticos e da Polônia e a situação da luta de classe na Itália anunciam sinais de crise revolucionária na Europa. Para enfrentar esta situação, os 2 grupos: o Comitê francês convertido novamente em 1940 em POI (Parti Ouvrier Internationaliste, [Partido Operário Internacionalista]) e o Comité Communiste Internationaliste [Comitê Comunista Internacionalista] se reagrupam em 1944 para formar um novo PCI (Parti Communiste Internationaliste, [Partido Comunista Internacionalista].

Os Trotskistas apóiam então a Resistência e enviam assim os operários ao massacre ainda que não desempenhassem um papel quantitativamente importante nos "maquis" devido ao fato afortunado de seu pequeno número, salvo na Bretanha (região francesa) onde o responsável era André Calves [17].

Nas Teses sobre a liquidação da segunda guerra imperialista e o levantamento revolucionário (IV Intetnationale n° 4, 5 de fev.-mar. de 1944) adotadas na Conferência européia da IV Internacional, é dito "Ante o caráter, em parte espontâneo do movimento dos partisans, expressão da revolta aberta e inevitável de amplas camadas trabalhadoras contra o imperialismo alemão... os B-L (bolcheviques-leninistas) estão obrigados a tomar em consideração esta vontade de luta das massas... Assim, os B-L não podem se contentar em denunciar que estas organizações trabalham a serviço do imperialismo... As seções da IV Internacional devem continuar esta política, tanto fora das organizações de partisans como no interior destas últimas". Dito de outra maneira, para ser menos dissimulado do que a conferência européia da IV Internacional, "podemos (enquanto Trotskistas) trabalhar no interior de organizações de partisans ainda que sejam nacionalistas".

Citemos alguns fatos!

  • Em 26 de maio de 1944 La Verité (órgão do PCl) demanda aos operários "estabelecer relações com os partisans vermelhos (!), os camponeses pobres...". Os Trotskistas chegam até a publicar uma revista dirigida aos partisans, Ohé partisans! [Ei partisans!] sob a responsabilidade de André Calves que tinha entrado nos FTP (Franco-Atiradores e Partisans: grupos armados paramilitares) da coluna Fabien.
  • Yvan Craipeau (membro do comitê central do PCI) entra em contato com Albert Bayet, presidente da Federação Nacional da Imprensa Francesa, para a legalização de La Verité [A Verdade] e estuda com ele a possibilidade de se tornar membro do Comitê Nacional da Resistência (CNR). Este último se mostra favorável e acerta a autorização à La Verité para aparecer desde agosto de l944 com fundos governamentais [18]. É o PCF (Partido Comunista Francês) quem vai se opor em seguida sob o pretexto de que La Verité não era um órgão da Resistência.
  • Mas é o chamado à "insurreição nacional" o que os mete definitivamente na participação de maneira efetiva e física no alistamento do proletariado em um campo imperialista: o dos anglo-americanos e russos. Os grupos operários criados desde 1943 (criados pelo ex-CCI), sobretudo o da seção de Puteaux-Surennes servirão de massa de manobra durante a "libertação" de Paris ao lado do PCF e outras organizações nacionalistas. Sob palavras de ordem "radicais" e de coloração "proletária" como: "estar com as massas" (boletim interno do POI), "greve geral", "milícias operárias" por oposição às "milícias patrióticas" do PCF, os operários serão empurrados a servir como carne de canhão em um combate que não é o seu. Neste registro, os Trotskistas se orgulham ainda que se lamentem... de não ter tido mais do que uma só seção com uma organização militar que representa uma milícia armada de 80 operários [19].

Seus grandes feitos armados...! O responsável militar do PCI, Henri Molinier é morto desde o início da insurreição "nacional" por um obus; um grupo de Trotskistas participa no assalto do Senado e outros na ação dos FTP. Assim André Calvés com a companhia FTP Saint-Just executa o prefeito colaborador de Puteaux, Barthélemy, antes de ser nomeado comissário técnico de sua companhia durante "a insurreição".

Limitaremos-nos a esses exemplos. É amplamente suficiente para pôr em evidência sua participação efetiva na segunda guerra mundial, para denunciar sua política nacionalista e sua passagem ao campo da contra-revolução durante a segunda guerra imperialista. Não se trata de erros isolados. É o resultado da política seguida pelo Secretariado europeu da IV Internacional e por todas suas seções européias.

Quanto ao grupo francês L.O (Lutte Ouvrière [Luta operária]) sob a cobertura do purismo, serve para emendar ao resto da "família". Retomemos o raciocínio de L.O.

  • De uma parte L.O. reivindica o "purismo" Trotskista que desejaria não ter tido uma posição de defesa de sua burguesia nacional [20]. Todo este jargão hipócrita não impede L.O. de reclamar sempre o Trotskismo que colaborou em todos seus componentes com a burguesia e de manter sempre boas relações com o secretariado Internacional da IV Internacional e com sua seção francesa atual, a LCR. Claramente, L.O. no fundo não tem nada a replicar contra as posições contrarrevolucionárias, burguesas e nacionalistas defendidas pela IV Internacional oficial durante a Segunda Guerra imperialista mundial [21].
  • Por outra parte, o "purismo" de Lutte de classes [Luta de classes] (ancestral da L.O.) não existe. Este grupo não tem nada a invejar dos seus primos Trotskistas: "O lugar de todo operário consciente é na milícia do povo: é somente aí onde pode lutar verdadeiramente por si mesmo e sua classe" (Autodefesa operária contra os bandos fascistas! artigo no n° 13 de 22 de junho de 1944).

É necessário afirmar alto e claro que L.O. participou como os outros da "insurreição nacional" e enviou os operários para se matarem em um terreno que não é o seu. A esse respeito há que a denunciar como os outros grupos Trotskistas.

A política dos Trotskistas nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos onde o secretariado internacional da IV° Internacional se encontrava, o partido norte-americano (S.W.P, Socialist Workers Party, [Partido Socialista dos Trabalhadores]) que detinha a maioria no interior do Comitê Executivo Internacional, toma uma posição pacifista. Assim, quando os Estados Unidos entram na guerra em 1941 o SWP "aplaca" a posição do derrotismo revolucionário que é em "princípio" a sua. O partido não organiza nem manifestação, nem comício contra a entrada na guerra dos EUA. A burguesia acreditando estar às voltas com revolucionários internacionalistas e temendo que se levantem contra sua política guerreira incrimina 21 de seus dirigentes. Não somente o SWP não reage como ainda enquanto estes 21 dirigentes são acusados pelo governo de serem "internacionalistas" e de quererem transformar a guerra em guerra civil, se defendem firmemente negando tal acusação em seu processo de Minneapolis. Não se pode ser mais claro na submissão ao Estado burguês!

Natalia Trotsky e a seção espanhola da IV° Internacional se indignam ante esta atitude [22], mas mantêm ainda a ilusão de que as seções européias ao final da guerra poderão "corrigir" a corrente Trotskista. Teriam que voltar à realidade quando a política chauvinista e nacionalista das seções européias foi conhecida. Natalia Trotsky e Munis rompem então com o conjunto da corrente Trotskista [23]). O conjunto dos acontecimentos relatados aqui falam por si mesmos e denunciam a corrente Trotskista, a que se passou como um todo ao campo do capital.


[1] Les Trotskistes et la guerre [Os trotskistas e a guerra], 1940-44. Ed. Enthropos. Paris 1980.

[2] O Parti Socialiste Ouvrier et Paysan [Partido Socialista Operário e Camponês] nasceu o 8 de junho 1938 com uma cisão do SFIO social-democrata.

[3] Do nome do general De Gaulle, homem político francês de direita

[4] CF Teses sobre a situação no movimento operário e as perspectivas de desenvolvimento da IV° da conferencia

[5] Henri Molinier é o irmão de Raymond Molinier, militante bem conhecido desde os anos 1930 nas fileiras trotskistas.

[6] Sobre a política do Secretariado unificado da IV° internacional, comissão de Março 1944, 2P. Arquivas R. Prager e PCI, secretariado geral :"Esclarecimento considerando a atitude do companheiro Roger Foirier diante das organizações  antifascistas de jovens e do movimento da IV° Internacional desde 1940"

[7] Cf. Les Trotskiste et la guerre [Os trotskistas e a guerra]

[8] Só o povo da França pode reconstruir a França, em La Vérité [A Verdade]

[9] La Vérité [A Verdade]

[10] Tesess sobre a questão nacional (adotadas a unanimidade em julho de 1942 pelas secções da IV° internacional) em Quatrième internatinale [Quarta internacional] N° 2

[11] Volta a Lênin, 10 de fevereiro 1943, em Bulletin intérieur [boletim interno] do POI N° 12. O comitê francês pela IV° tinha tomado o nome de POI, Parti Ouvrier Internationaliste [Partido Operário Internacionalista] durante sua conferencia internacional dos 26 e 27 de dezembro 1942.

[12] Informe sobre a organização em La lutte de classes [A luta de classes], julho de 1943.

[13] As vitórias do exercito vermelho serão a vitória do socialismo em La lutte de classes [A luta de classes] n° 10, 28 de fevereiro 1943.

[14] O avanço soviético aproxima a hora da revolução socialista na Europa. Viva os Estados Unidos socialistas de Europa! em La lutte de classes [A luta de classes] n° 8, 20 de janeiro 1943.

[15] La lutte de classes [A luta de classes] n° 26, 16 de março 1944.

[16] La lutte de classes [A luta de classes] n° 67, 18 de setembro 1945.

[17] Les Trotskiste et la guerre [Os trotskistas e a guerra] p. 205. Resistente desde os primeiros momentos, André Calves  escreveu um livro em 1984 (Sem botas nem medalhas) onde se mostra muito crítico com as divisões imperantes no "movimento de resistência ainda que o faça a partir de uma postura democrática e antifascista.

[18] Entrevista com Albert Demazière, citado em Les Trotskistes et la guerre [Os trotskistas e a guerra]

[19] Entrevista com Raoul, citado em Les Trotskistes et la guerre [Os trotskistas e a guerra]

[20] Vimos como na realidade os antepassados deste grupo participaram de ações de sabotagem do STO.

[21] Natalia Trotski (Carta do 9 de maio 1951 em Les enfants du prophète [Os filhos do profeta]

[22] Munis em  Les enfants du prophète [Os filhos do profeta] p. 97 e sua brochura Le SWP et la guerre impérialiste [O SWP e a guerra imperialista].

[23] Explicacion y llamamiento a los militantes, grupos e secciones de la IV° Internacional. Setembro de 1949, secção espanhola da IV° Internacional.