As frações comunistas de esquerda

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Em meio a essa debandada da classe e do triunfo absoluto da contra-revolução, as frações comunistas de esquerda que foram se separando dos partidos em degeneração, empreenderam uma difícil tarefa de salvaguarda dos princípios revolucionários. Tiveram que se opor às forças conjugadas de todas as frações da burguesia, não cair nas mil e uma armadilhas que esta lhes preparava, fazer frente ao enorme peso da ideologia ambiente na sua própria classe, suportar o isolamento, a perseguição física, a desmoralização, o esgotamento, o desaparecimento e a dispersão dos seus membros. As frações comunistas de esquerda, com esforço sobre-humano e heróico, empreenderam  construir uma ponte entre os antigos partidos do proletariado passados para o lado inimigo, e os que a classe fará surgir novamente na próxima retomada revolucionária,  para, por um lado manter em vida os princípios proletários que a IC e seus partidos puseram à venda e, por sua vez partindo desses princípios fazer um balanço das derrotas passadas para tirar novos ensinamentos, que a classe deverá apropriar-se nos futuros combates. Durante anos, as diferentes frações e em particular as Esquerdas alemã, holandesa e, sobretudo italiana prosseguiram uma notória atividade de reflexão e denúncia da traição dos partidos que todavia se intitulam proletários.

Porém a contra-revolução foi por demais profunda e longa  para que pudessem sobreviver as frações. Golpeadas com dureza pela Segunda guerra mundial e pelo fato de que essa não produzisse nenhum surgimento de classe, as últimas frações que haviam sobrevivido até então desapareceram progressivamente ou iniciaram um processo de degeneração, esclerose ou regressão. Assim, pela primeira vez desde há mais de um século, se rompe o laço orgânico que unia, como elo no tempo e espaço as organizações políticas do proletariado tais como a Liga dos Comunistas, a Primeira, Segunda e Terceira Internacional e as frações que desta saíram.

A burguesia alcançou momentaneamente os fins que se propunha: calar toda expressão política de classe, que a revolução aparecesse, sem réplica possível, como um anacronismo empoeirado, vestígio de tempos passados, com uma especialidade exótica para países atrasados ou falsificando totalmente seu sentido perante os trabalhadores.