A retomada proletária

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Com o aprofundamento da desordem econômica, a sociedade se encontra outra vez diante da inevitável alternativa que inaugura cada crise aguda do período de decadência: guerra mundial ou revolução proletària[S1] .[1]

Hoje entretanto a perspectiva é radicalmente diferente da que abriu a grande catástrofe econômica dos anos trinta. Naquela época, o proletariado vencido não tinha forças para aproveitar a nova quebra do sistema e lançar ao assalto deste. Pelo contrário, a quebra dos anos trinta teve como efeito um maior agravamento da derrora.

O proletariado atual é diferente do de entre guerras. Por um lado, da mesma maneira que os pilares da ideologia burguesa, as mistificações que no passado aplataram a consciência proletária tem se esgotado progressivamente: o nacionalismo, as ilusões democráticas, o anti-fascismo que foram utilizados até a exaustão durante meio século já não tem o mesmo impacto do passado. Por outro lado, a nova geração operária não tem suportado as derrotas das anteriores. Os proletários que hoje enfrentam a crise não têm a experiência dos seus antepassados, porém também não estão imersos na desmoralização. A formidável reação, que desde 1968-69 tem oposto a classe operária às primeiras manifestações da crise significa que a burguesia não está em condições para impor a única saída que é capaz de dar à crise  significa dizer, um novo holocausto mundial. Primeiramente teria de poder vencer a classe operária: a perspectiva atual não é pois a da guerra imperialista e sim da guerra de classes generalizada. Se bem a burguesia prossegue os preparativos para a primeira, é a segunda que cada vez mais lhe preocupa: o aumento impressionante da venda de armas de guerra, único setor onde não há crise, oculta momentaneamente o reforço geral e sistemático dos dispositivos de repressão, de luta contra a "subversão" por parte dos estados capitalistas. Entretanto, não é essencialemente assim que o capital se prepara para os enfrentamentos de classes, e sim em melhor instituir toda uma série de meios de enquadramento do proletariado e de desvio das suas lutas. Porque contra uma combatividade operária intacta e em plena renovação, a burguesia não pode opor, sem cada vez com maiores dificuldades, a simples repressão aberta que faz com que corra o risco de unificar as lutas em vez de dissipá-las.

[1] Com o desaparecimento dos dois blocos imperialistas saídos dos acordos de Yalta (1945), o espectro de uma 3ª. Guerra Mundial havia se evaporado momentaneamente. Assim, embora o militarismo e a guerra caracterizam sempre o modo de vida do capitalismo decadente, a política imperialista de todos os estados, pequenos e grandes, se desencadeia em uma situação mundial dominada pelo caos e o cada um por si". Como o alistamento do proletariado dos países centrais para uma 3ª. Guerra Mundial não está mais na ordem do dia, a alternativa histórica tem se modificado no sentido de Revolução Proletária ou destruição da humanidade na barbárie e no caos (ver o Manifesto do 9º. Congresso da CCI).