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Assim, o governo de Paris mostrou-se muito firme em relação aos tunisianos que desembarcaram sobre a ilha italiana de Lampedusa, e cuja maioria quer ir à França: o ministro do Interior preveniu que serão tratados como imigrantes clandestinos convocados a serem reconduzidos ao seu país. Interrogado na Assembleia Nacional, Brice Hortefeux recordou a regra em política migratória: "Um estrangeiro em situação irregular está destinado a ser reconduzido ao seu país de origem, exceto situação humanitária específica." Pensando bem, com Hortefeux, este amigo dos "Auvergnats" [2], as situações humanitárias específicas…não existem, só há unicamente trapaceiros e aproveitadores. E para se fazer compreender mais claramente: "Não é o interesse nem da Tunísia, que o compreende perfeitamente, nem da Europa, nem da França o de encorajar e aceitar estas migrações clandestinas." Isso não vale somente para os tunisianos, porque o presidente do serviço francês de imigração e integração, Dominique Paillé, afirmou nesta quinta-feira, 24 de Fevereiro, que "os clandestinos" provenientes da Líbia também "serão reconduzidos". Não se poderá mais dizer que a burguesia francesa usa dois pesos e duas medidas! Todos mergulhados na mesma miséria e no horror capitalista, mas sem injustiça!
Mulan (26 de Fevereiro)
Revolution Internationale n°420, órgão da CCI na França.
[2] Referência à declaração racista de Hortefeux em setembro de 2009, durante a reunião do seu partido a União por um Movimento Popular (UMP, de direita) no país basco francês. Um jovem franco-argelino, Amine Benalia-Brouch, se aproximou do ministro pedindo para ser fotografado com ele, que comentou com o presidente do partido, Jean-François Cope: "Ele não corresponde em nada ao estereótipo...Quando há um deles, tudo bem. É quando há muitos deles que os problemas chegam". A declaração, gravada em um vídeo amador, teve mais de 800 mil acessos no site do Le Monde em um dia. A situação piorou quando Hortefeux tentou contradizer a declaração, dizendo primeiro que se referia ao número de fotos e depois que se referia não aos árabes e sim aos Auvergnats (ou occitanos, da Occitânia, localizada na região sul da França). Parte da imprensa explorou o caso e grupos nacionalistas occitanos utilizaram-no como comprovação do racismo anti-occitano existente na França.