Fechamento da LG: Mobilização operária e manobras sindicais de desmobilização

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Há alguns dias escrevemos para o blog dos companheiros da CCI um texto em que dava conta da mobilização dos operários da LG/Philips, contra a ameaça de desemprego diante do comunicado da empresa anunciando o fechamento em breve de algumas unidades industriais da empresa no Brasil, dentre elas a de São José dos Campos em SP. A reação imediata dos operários diante do fato, demonstrada através da mobilização e paralisação imediata em seguida ao anuncio, constituiu uma demonstração genuína das preocupações diante da ameaça de desemprego. Também na oportunidade ressaltávamos a iniciativa do sindicato no sentido de desmobilizar os operários, substituindo a assembléia que ganhou as ruas pela condução dos mesmos para as vias institucionais do executivo e parlamentos do estado burguês. Orientação essa que teve como conseqüência criar uma caravana composta de operários e dirigentes sindicais com destino a capital do Brasil, há algumas centenas de quilômetro distante do centro da mobilização, onde foram reivindicar que ministros, deputados e senadores intercedessem nas negociações. Segundo o sindicato em nota publicada no dia 15/06:

"A iniciativa do Sindicato foi muito importante, porque expôs a diversas autoridades a brutal iniciativa da LG Philips, que, depois de lucrar muito e ter muitos incentivos do Estado, quer colocar na rua milhares de trabalhadores", "afirmou o presidente do Sindicato, Adílson dos Santos, o Índio, que também esteve na caravana"

E ainda:

"Em assembléias realizadas na sexta-feira, os metalúrgicos foram informados sobre o que aconteceu durante a caravana à Brasília. Desde quinta-feira, a produção da empresa e os balanços estão sendo fiscalizados por uma comissão de trabalhadores." 

As citações acima refletem com toda clareza alguns aspectos muito importantes acerca do caráter capitalista dos sindicatos: O reconhecimento do direito burguês em exercer a exploração que resulta o lucro. Para alguns como no caso desse que é dirigido sob a orientação da esquerda do capital que critica "altos lucros", o que significa dizerem que desde que seja um quantum "razoável" pode.

Um outro também muito importante que incentiva e implica em alimentar a ilusão que a participação na gestão da produção e dos resultados obtidos pela empresa deva ser fiscalizada por uma comissão de trabalhadores: ou seja, os próprios trabalhadores fiscalizando, legitimando a exploração e contribuindo com ações para melhor orientar a exploração

Por fim como anunciado na manchete do citado jornal "É preciso estatizar empresa para garantir empregos" entende que o estado também capitalista deva adquirir a companhia como forma de salvar os empregos, sem em momento algum questionar a natureza de classe que tem estado capitalista.

Esse não é um privilégio de um sindicato que atua sob a orientação da Conlutas, mas uma característica universal de todos os sindicatos hoje em dia. 

CJ

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