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"Como o afirma o historiador francês Jacques Courtois, não acabou a Revolução russa com uma onda democrática mundial?"
Não sabemos exatamente o que disse Jacques Courtois, mas é contrário à realidade afirmar tal coisa quando os principais países do mundo, implicados em uma guerra mundial, estavam adotando medidas de militarização da sociedade civil para impor à população e à classe operária em particular todos os sacrifícios exigidos pela matança mundial, até o de sua vida nos campos de batalha. E foi precisamente contra essa barbárie que se desenvolveu a onda revolucionária mundial cujo ponto culminante foi a tomada do poder pelo proletariado na Rússia em 1917.
Possivelmente Jacques Courtois seja um advogado das teses burguesas do menchevismo segundo as quais a Revolução de Outubro não foi nada mais que um golpe que acabou com a obra democrática da Revolução de fevereiro. Esse famoso refrão bem conhecido dos detratores da Revolução russa também serve a ocultar a realidade dos fatos. Na realidade foram as massas operárias, e atrás delas as massas camponesas, as que tiraram o poder da burguesia quando estava, uma vez chegada ao poder em fevereiro e sendo majoritária nos conselhos operários, demonstrando na prática, ao prosseguir a guerra imperialista e mantendo uma política anti-operária, que era a digna representante de um sistema que teria que ser derrubado, pois só podia produzir guerra e miséria.
"Como explicar a degeneração da Revolução russa?"
É necessário, para entender o que significou a derrota da Revolução russa através sua degeneração, clarificar o que representou realmente essa revolução. Uma ilhota de socialismo em um mundo capitalista? Claro que não, na medida em que a derrubada do capitalismo só pode realizar-se a nível mundial, depois da vitória da revolução mundial. Depois da tomada do poder, todos os esforços e as esperanças do proletariado revolucionário na Rússia estavam dirigidos na direção da extensão da revolução mundial, e particularmente para o país determinante para a evolução da relação de forças entre as classes a escala internacional, Alemanha. O assalto revolucionário do proletariado nesse país foi vencido como é sabido em janeiro de 1919, e esta derrota abriu as portas a uma série de derrotas maiores que acabaram com a grande onda revolucionária nesse país e a escala mundial. Nessas circunstâncias, isolado e debilitado pela guerra civil e pelo cerco imposto pelas principais potencias capitalistas, o poder proletário na Rússia degenerou.
O que mudou com a contra-revolução na Rússia não foram então as relações de produção, é mas o fato que o poder deixou de ser proletário. Não foi a antiga classe burguesa derrubada que voltou ao poder, mas sim a burocracia no seio do Estado que se transformou em nova classe exploradora.
No plano político, a manifestação mais significativa da mudança de caráter do poder na Rússia, encarnado desde então pelo estalinismo, foi o abandono do internacionalismo proletário com a adoção da tese do "socialismo em um só país". O mas dramático da derrota da Revolução russa foi a maneira como se produziu, por uma degeneração interna e não por sua derrubada, permitindo assim à burguesia mundial, de sua ala da extrema direita até sua extrema esquerda, manter a mentira do "socialismo na URSS", mentira em nome do que estalinistas e trotskistas chamaram o proletariado do mundo inteiro a lutar e fazer-se massacrar pela defesa do imperialismo russo durante a Segunda guerra mundial.