O caráter de classe dos partidos social-democratas, dos partidos "comunistas" e da corrente trotskista

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"Qual é a significação do programa de transição redigido por Trotski em 1938?"

Trotski e a Oposição de esquerda animaram durante os anos 20 uma reação proletária contra a degeneração da Revolução russa e o estalinismo. Entretanto não foi a única reação, nem tampouco a mais clara considerando por um lado as implicações na classe operária da derrota da onda revolucionária, e por outro lado a fidelidade ao marxismo diante do desenvolvimento do oportunismo nas filas da Terceira internacional. A Esquerda comunista internacional lutou desde o inicio, a partir dos anos 20, contra as diversas manifestações desse oportunismo, em particular contra a política de frente única com antigas partidos operários passados ao campo burguês, com o argumento de não se afastar das massas operárias ainda influenciadas por estes. Também soube entender que longe de estar pronta a lançar-se uma vez mais numa nova onda revolucionária, o proletariado estava confrontado ante um período de contra-revolução que não lhe permitia opor-se ao desencadeamento de uma Segunda guerra mundial em que seus vários setores nacionais foram alistados em nome da defesa de um ou outro campo imperialista. Ao contrário, Trotski continuou acreditando que a revolução continuava sendo possível nos anos trinta e que a única coisa que lhe faltava era uma direção realmente revolucionária, o que lhe induziu sem razão, a ver nas mobilizações de 1936 na França e na Espanha as primícias de movimentos revolucionários. Seu Programa de transição, ao voltar para introduzir reivindicações mínimas destinadas segundo ele a servir da transição com o programa da revolução socialista, acaba enganando as massas com a idéia que poderia existir, na época das guerras e das revoluções, um programa de reformas no capitalismo quando o único programa realista, apesar de não ser realizável em qualquer instante, é o da revolução. Com a bandeira de "Frente única operária" com os partidos antes proletários, social-demócratas e estalinistas que tinham traído a causa do proletariado, ele faz desarmar a classe operária frente a seus piores inimigos.

"Qual análise faz do trotskismo?"

Existem alguns acontecimentos da maior importância na vida da sociedade, como as guerras e as revoluções, que resolvem na prática o caráter de classe de uma organização, diga o que disser por sua própria conta. Assim ao opor-se à Revolução de outubro, os mencheviques marcaram seu compromisso no terreno da burguesia. Diante da Primeira guerra mundial, a maioria dos partidos social-democratas traiu o internacionalismo proletário (e conseqüentemente a classe operária) ao apoiar a defesa do capital nacional. A história demonstrou que essas traições são irreversíveis, ou seja que uma vez que essas traições aconteçam os partidos passados ao campo inimigo, defendem constantemente uma política burguesa. Como conseqüência de sua degeneração oportunista, os PC se passaram a sua vez ao terreno da burguesia nos anos 30, quando não existia ninguém em suas filas capaz de opor-se à defesa nacionalista de um campo imperialista, preparando assim o alistamento do proletariado para a Segunda guerra mundial. Esta Segunda guerra mundial também constituiu a hora da verdade para o trotskismo que então escolheu seu campo: não o do internacionalismo e do proletariado como o fez Lênin em 1914, mas sim o da defesa do imperialismo russo e da democracia (apesar de que em suas filas houve reações de elementos que então romperam com ele). Este resultado trágico da dinâmica oportunista de um partido do proletariado foi o produto do método politicamente errôneo de Trotski ao longo dos anos 30. Dito isto, os enganos que cometeu, por graves que fossem, não permitem afirmar que teria mantido sua posição até o final do conflito imperialista mundial. Se não o tivessem assassinado antes, possivelmente a guerra teria sido a prova que lhe tivesse permitido questionar seus desvios oportunistas passadas. Depois da sua morte, sua companheira, Natalia Sedova, que sempre tinha lutado ao seu lado, rechaçou a política de defesa da URSS e rompeu com o movimento trotskista. Também os últimos escritos do Trotski anunciam semelhante possível questionamento de suas posições anteriores.