Submetido por CCI em
Crise econômica
1. Em 6 de março de 1991, depois do afundamento do bloco do Leste e a vitória da coalizão no Iraque, o presidente George W. Bush pai anunciava, ante o congresso dos EUA, o nascimento de uma "nova ordem mundial", apoiada no "respeito do direito internacional". Esta nova ordem traria ao planeta paz e prosperidade. O "fim do comunismo" significava o "triunfo definitivo do capitalismo liberal". Alguns, como o "filósofo" Francis Fukuyama, prediziam inclusive o "fim da história". Mas a história, a verdadeira, e não a dos discursos de propaganda apressou-se a ridicularizar essas mentiras. Como paz, o ano 91 ia ser o início da guerra na ex-Iugoslávia que conduziu centenas de milhares de mortos no próprio coração da Europa, um continente que tinha evitado esta praga desde quase meio século. Igualmente, a recessão de 93 e logo o afundamento dos "Tigres" e dos "Dragões" asiáticos em 97, logo a nova recessão de 2002, que pôs fim à euforia provocada pela "bolha internet", arranharam sensivelmente as ilusões sobre a prosperidade anunciada por Bush pai. Mas o típico dos discursos da classe dominante hoje é esquecer os discursos da véspera. Entre 2003 e 2007, o tom dos discursos oficiais dos setores dominantes da burguesia foi eufórico, celebrando o êxito do "modelo anglo-saxão" que permitia lucros exemplares, taxas de crescimento vigorosas do PIB e inclusive uma baixa significativa do desemprego. Não havia palavras bastante elogiosas para celebrar o triunfo da "economia liberal" e os benefícios da "desregulamentação". Mas desde o verão de 2007 e, sobretudo, 2008, esse beato otimismo se derreteu como neve ao sol. Desde então, no centro dos discursos burgueses, as palavras "prosperidade", "crescimento", "triunfo do liberalismo" desapareceram discretamente. À mesa do grande banquete da economia capitalista se convidou alguém que parecia ter sido expulso para sempre: a crise, o espectro de uma "nova grande depressão" parecida com a dos anos 30.
2. Segundo os próprios responsáveis burgueses, todos os "especialistas" da economia, incluídos os louvadores mais incondicionais do capitalismo, a crise atual é a mais grave que tinha conhecido o sistema desde a Grande Depressão que começou em 1929. Segundo a OCDE: "A economia mundial é vítima de sua recessão mais profunda e mais sincronizada há décadas" (Relatório intermediário de março 2009). Alguns inclusive não vacilam em considerar que é ainda mais grave e que a razão pela que seus efeitos não são tão catastróficos como os dos anos 30 se fundamentam no fato de que, desde aquele tempo, os dirigentes do mundo, muito experimentados aprenderam a encarar esse tipo de situação, evitando, em particular, uma debandada (cada um por si) geral: "Embora se tenha qualificado às vezes esta severa recessão mundial de "grande recessão", estamos longe de uma nova "Grande Depressão" como a dos anos 30, graças à qualidade e à intensidade das medidas que os governos estão tomando. A "grande depressão" agravou-se pelos terríveis erros de política econômica, desde medidas monetárias restritivas até a política de "cada um por si", com a forma de proteções comerciais e desvalorizações competitivas. Em contrapartida, a recessão atual suscitou geralmente boas respostas" (idem).
Entretanto, embora todos os setores da burguesia constatem a gravidade das convulsões atuais da economia capitalista, as explicações que dão, mesmo sendo freqüentemente divergentes entre si, são evidentemente incapazes de captar o verdadeiro significado dessas convulsões e a perspectiva que anunciam para toda a sociedade. Para alguns, a responsável pelas dificuldades agudas do capitalismo é a "desordenada finança", o fato de terem sido criados desde princípios dos anos 2000, toda uma série de "produtos financeiros tóxicos" que favoreceram uma explosão de créditos sem garantia suficiente para ser reembolsados. Outros afirmam que o capitalismo sofre de um excesso de "desregulamentação" em escala internacional, orientação que se encontrou no centro da economia Reagan, instaurada desde finais dos anos 80. Outros, por fim, representantes da esquerda do capital em especial, pensam que a causa profunda se apóia em uma insuficiência das rendas salariais, que obrigam aos assalariados, sobretudo nos países mais desenvolvidos, a uma fuga cega nos empréstimos para ser capazes de satisfazer suas necessidades elementares. Sejam quais seja suas diferenças, entretanto, o que caracteriza a todas essas "interpretações", é que consideram que não é o capitalismo, enquanto modo de produção, o que deve ser questionado, mas sim tal ou qual forma do sistema. E, precisamente, é esse ponto de partida o que impede que todas essas interpretações desçam ao fundo para compreender as causas verdadeiras da crise atual e o que está em jogo.
3. De fato, só uma visão global e histórica do modo de produção capitalista permite compreender, medir e tirar as perspectivas da crise atual. Hoje, é algo que ocultam todos os "especialistas" da economia, aparece abertamente a realidade das contradições que assaltam ao capitalismo: a crise de superprodução do sistema, sua incapacidade para vender a massa de mercadorias que produz. Não há superprodução com relação às necessidades reais da humanidade, que estão muito longe de estar satisfeitas, mas sim superprodução com relação aos mercados solventes, e aos meios de pagamento dessa produção. Os discursos oficiais, assim como as medidas adotadas pela maioria dos governos, focalizam se na crise financeira, na quebra dos bancos, mas na realidade, o que os comentaristas denominam "economia real" (em oposição à economia "fictícia"), está ilustrando o fato seguinte: não passa um dia sem que se anunciem fechamentos de fábrica, demissões em massa, quebras de empresas industriais. Que a General Motors, que durante décadas foi a primeira empresa do mundo, deva unicamente sua sobrevivência a um apoio maciço dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que a Chrysler se declarou oficialmente em quebra, e passou para o controle da Fiat italiana, é significativo dos problemas de fundo que afetam à economia capitalista. Deste modo, a queda do comércio mundial, a primeira desde a Segunda Guerra Mundial e que a OCDE avaliou em - 13,2 % para 2009 atesta a incapacidade para as empresas de encontrar compradores para sua produção.
Esta crise de superprodução, evidente hoje, não é uma simples conseqüência da crise financeira como pretendem nos passar a maioria dos "especialistas", mas sim reside nas engrenagens mesmas da economia capitalista, como o pôs em relevo o marxismo há um século e meio. Enquanto existia a conquista do mundo pelas metrópoles capitalistas, os novos mercados permitiram superar as crises momentâneas de superprodução. Com o final da conquista, a essas metrópoles, no início do século XX, especialmente a que chegou tarde ao concerto da colonização, Alemanha, não ficou outro remédio a não ser atacar as zonas de influência das demais, provocando a Primeira Guerra Mundial, antes que se expressasse plenamente a crise de produção. Esta, em compensação, manifestou-se claramente com o crack de 1929 e a Grande Depressão dos anos 30, arrastando os principais países capitalistas na fuga cega do belicismo e em uma Segunda Guerra Mundial que superou, de longe, à Primeira em massacres e barbárie. O conjunto das medidas adotadas pelas grandes potências após essa guerra, especialmente a organização sob tutela norte-americana dos grandes componentes da economia capitalista, tais como a moeda (Bretton Woods), a instauração pelos Estados de políticas neo-keynesianas, e as repercussões positivas da descolonização referente aos mercados, permitiram durante quase três décadas ao capitalismo mundial dar a ilusão de que por fim tinha superado suas contradições. Mas essa ilusão recebeu um golpe de primeira importância em 1974, com a aparição de uma violenta recessão, sobretudo na primeira economia mundial. Essa recessão não foi o princípio das grandes dificuldades do capitalismo, visto que sucedeu à de 1967 e as crises sucessivas da libra e do dólar, duas moedas fundamentais no sistema de Bretton Woods. Na realidade, foi desde o fim dos anos 60 que o neo-keynesianismo deu a prova de seu fracasso histórico, como tinha destacado naquele tempo os grupos que iam formar a CCI. Mas para o conjunto dos comentaristas burgueses e para a maioria da classe trabalhadora, foi o ano de 1974 que marcou o início de um período novo na vida do capitalismo pós-guerra, sobretudo com o reaparecimento de um fenômeno que se acreditava definitivamente desaparecido nos países desenvolvidos, o desemprego em massa. Foi então também quando o fenômeno da fuga cega no endividamento se acelerou muito sensivelmente: foram os países do terceiro mundo os que se encontraram na frente do endividamento e constituíram durante um tempo a "locomotiva" da retomada econômica. Esta situação teve fim no começo dos anos 80 com a crise da dívida, a incapacidade dos países do terceiro mundo para reembolsar os empréstimos que lhes tinham permitido por certo tempo ser uma saída mercantil para a produção dos grandes países industriais. Mas nem por isso se acabou a fuga no endividamento. EUA começou a tomar o lugar de "locomotiva", mas à custa de um aumento considerável de seu déficit comercial e, sobretudo, orçamentário, política que pôde levar a cabo graças ao papel privilegiado de sua moeda nacional como moeda mundial. O slogan de Reagan era então "o Estado não é a solução, mas o problema" para justificar a liquidação do neo-keynesianismo; mas os Estados Unidos, com seus enormes déficits orçamentários, continuou sendo o agente principal na vida econômica nacional e internacional. Entretanto, os "reaganomics", cuja primeira inspiradora era Margaret Thatcher na Grã-Bretanha, eram essencialmente um desmantelamento do "Estado do bem-estar", quer dizer ataques sem precedentes contra a classe trabalhadora que contribuíram para superar a inflação galopante que afetou o capitalismo no fim dos anos 70.
Durante os anos 90, uma das "locomotivas" da economia mundial foram os "Tigres" e os "Dragões" asiáticos que tiveram taxas de crescimento espetaculares, mas à custa de um endividamento considerável que os levou a convulsões espetaculares em 1997. No mesmo momento, a "nova e democrática" Rússia, a qual também decretou suspensão dos pagamentos, decepcionou cruelmente quem tinha apostado no "final do comunismo" para reaquecer duradouramente a economia mundial. Por sua vez, a "bolha internet" no fim dos anos 90, que era na realidade uma especulação desenfreada sobre as empresas "high-tech", estourou em 2001-2002, acabando com o sonho de um relançamento da economia mundial mediante o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e da comunicação. Foi então que o endividamento conheceu uma nova aceleração, sobretudo graças ao desenvolvimento espetacular das hipotecas na construção em vários países, e em particular nos EUA Este país reforçou seu papel de "locomotiva" da economia mundial, mas à custa de um crescimento imenso das dívidas - especialmente na população norte-americana - apoiadas em todo tipo de "produtos financeiros" que pretensamente tinham a intenção de evitar a suspensão de pagamentos. Na realidade, a proliferação dos débitos duvidosos nem ao menos fez desaparecer seu caráter de espada de Démocles de cima da cabeça da economia norte-americana e mundial. Muito pelo contrário, essa dispersão não fez senão acumular no capital dos bancos "ativos tóxicos", origem de seu afundamento a partir de 2007.
4. Não é pois a crise financeira o que originou a recessão atual. Muito ao contrário, o que faz a crise financeira é ilustrar que a fuga em direção ao endividamento, que permitiu superar a superprodução, não pode prosseguir eternamente. Cedo ou tarde, a "economia real" se vinga, isto significa que a base das contradições do capitalismo, a superprodução, a incapacidade dos mercados de absorver a totalidade das mercadorias fabricadas, volta para primeira fila.
Nesse sentido, as medidas que se decidiram em março do 2009 no G20 de Londres, duplicar as reservas do Fundo Monetário Internacional, apoiar massivamente a Estados cujo sistema bancário está em bancarrota, animar estes a aplicar políticas ativas de relançamento da economia à custa de um salto espetacular dos déficits orçamentários, não resolveriam em nenhum caso a questão de fundo. A fuga cega na dívida é um dos ingredientes da brutalidade da recessão atual. A única "solução" que a burguesia é capaz de instaurar é... uma nova corrida cega no endividamento. O G20 não pôde inventar uma solução à crise pela simples razão de que esta não tem solução. O G20 devia servir para evitar o cada um por si que caracterizou os anos 30. Pretendia também restabelecer um pouco de confiança entre os agentes econômicos, porque essa confiança, no capitalismo, é um fator essencial que se encontra no centro mesmo de seu funcionamento, o crédito. Assim, este último fato, a insistência na importância da "psicologia" nas convulsões econômicas, a colocação em cena do discurso frente às realidades materiais, certifica o caráter fundamentalmente ilusório das medidas que poderá tomar o capitalismo frente à crise histórica de sua economia. Na realidade, mesmo que o sistema capitalista não vá se derrubar como um castelo de cartas e que a queda da produção não vai continuar indefinidamente, a perspectiva é a de um afundamento crescente em seu atoleiro histórico, quer dizer a volta a uma escala cada vez major das convulsões que hoje lhe afetam. Há quatro décadas, a burguesia não foi capaz de impedir o agravo contínuo da crise. Hoje parte de uma situação muito pior que a do fim dos anos 60. Apesar de toda a experiência adquirida durante décadas, não poderá fazer nada melhor, mas será pior ainda. Em especial, as medidas de inspiração neo-keynesianas propostas pelo G20 de Londres (que vão até a nacionalização dos bancos em situação difícil) não poderão em nenhum caso restabelecer a mínima "saúde" do capitalismo, visto que o princípio de suas grandes dificuldades, em fins dos anos 60, foi o resultado precisamente da quebra definitiva das medidas neo-keynesianas adotadas depois da Segunda Guerra Mundial.
5. O agravamento brutal da crise capitalista surpreendeu fortemente à classe dominante, mas não surpreendeu absolutamente aos revolucionários. Como coloca em relevo a resolução adotada pelo precedente congresso internacional antes mesmo de se estender o pânico do verão de 2007: "Hoje mesmo (...), as ameaças que se acumulam sobre o setor imobiliário nos Estados Unidos, um dos motores da economia norte-americana, e que suportam o risco de catastróficas quebras bancárias, causam angústia e incerteza nos âmbitos econômicos" (Ponto 4).
Esta resolução também jogava por terra as grandes expectativas suscitadas pelo "milagre chinês": "longe de representar um "novo impulso" da economia capitalista, o "milagre chinês" e o de outras economias do Terceiro mundo, não é mais que um novo aspecto da decadência do capitalismo. Além disso, a extrema dependência da economia chinesa de suas exportações é um verdadeiro fator de fragilidade frente à contração da demanda de seus clientes atuais, contração que por outro lado não pode deixar de se produzir, particularmente quando a economia norte-americana se veja obrigada a pôr ordem no endividamento abismal que lhe permite atualmente ser a "locomotiva" da demanda mundial. Assim, igual ao "milagre" que representavam as taxas de crescimento de duas cifras dos "tigres" e "dragões" asiáticos teve um doloroso final em 1997, o "milagre" chinês atual, apesar de que suas origens são diferentes e de dispor de melhores cartas, terá que se enfrentar cedo ou tarde à dura realidade do estancamento histórico do modo de produção capitalista" (Ponto 6). A queda da taxa de crescimento da economia chinesa, a explosão do desemprego que provoca, em particular, a volta forçada a seu local de origem de dezenas de milhões de camponeses alistados nos presídios industriais para tentar se salvar de uma miséria insuportável vêm confirmar totalmente esta previsão.
Na realidade, a capacidade da CCI de prever o que ia ocorrer não se apóia em um mérito particular de nossa organização. Seu único "mérito" reside no método marxista, na vontade de concretizá-la permanentemente na análise da realidade mundial, em sua capacidade de resistir às sirenes que proclamam a "quebra definitiva do marxismo".
Tensões imperialistas
6. A confirmação da validade do marxismo não só se relaciona à vida econômica da sociedade. No centro das mistificações que se estenderam a princípios dos anos 90 estava a abertura de um período de paz para o mundo inteiro. O fim da "Guerra fria", o desaparecimento do Bloco do Leste, apresentado em seu tempo por Reagan como o "Império do Mal" iam pôr fim aos conflitos militares através dos quais se realizou o enfrentamento entre os dois blocos imperialistas desde 1947. Frente a esse tipo de mistificações sobre a possibilidade de paz no capitalismo, o marxismo sempre disse que é impossível para os Estados burgueses superar suas rivalidades econômicas e militares, especialmente no período de decadência. Por isso é que, já desde janeiro 1990, podíamos escrever:
"O desaparecimento do guarda imperialista russo, e o que disso vai resultar para o guarda norte-americano a respeito de seus principais "sócios" de ontem, abrem completamente as portas a rivalidades mais localizadas. Essas rivalidades e enfrentamentos não poderão, por agora, degenerar em conflito mundial, inclusive supondo que o proletariado não fosse capaz de opor-se a ele. Em contrapartida, com o desaparecimento da disciplina imposta pela presença dos blocos, esses conflitos poderiam ser mais violentos e numerosos e, em especial, está claro, nas áreas em que o proletariado é mais fraco" (Revista internacional n° 61, "Depois do afundamento do Bloco do Leste, instabilidade e caos"). O cenário mundial não demoraria em confirmar esta análise, notadamente com a primeira guerra no Golfo em janeiro de 1991 e a guerra na antiga Yugoslávia a partir do outono desse mesmo ano. Desde então, os enfrentamentos sangrentos e bárbaros não tem cessado. Não podemos enumerar todos, porém podemos sublinhar:
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A continuidade da guerra na antiga Yugoslávia, com a intervenção direta, sob a direção da OTAN, dos Estados Unidos da América e das principais potencias européias em 1999;
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As duas guerras na Chechenia;
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numerosas guerras que não tem parado de fazer estragos no continente africano (Ruanda, Somália, Congo, Sudão, etc.)
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As operações militares de Israel contra o Líbano e, recentemente, na faixa de Gaza;
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A guerra no Afeganistão de 2001 que tem prosseguimento ainda hoje;
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A guerra no Irak de 2003, cujas conseqüências continuam pesando dramaticamente no país, porém inclusive no iniciador dessa guerra, a potência norte-americana.
O sentido e as implicações da política dessa potência já foram analisados desde muito tempo pela CCI: "... o espectro da guerra mundial tem deixado de ameaçar o planeta, porém ao mesmo tempo temos assistido a um desencadeamento de antagonismos imperialistas e de guerras locais nas quais estão implicadas diretamente as grandes potências, começando pela primeira e principal: Estados Unidos. A esse país, que desde muitos anos deu para si o papel de "gendarme mundial", lhe cabia prosseguir e reforçar esse papel diante da nova "desordem mundial" surgida ao final da guerra fria. Na realidade, se os Estados Unidos tem se encarregado desse papel, não é muito menos, para contribuir na estabilidade do planeta, mas, sobretudo, para tentar restabelecer sua liderança mundial, posta constantemente em questionamento, sobretudo por parte dos seus antigos aliados, devido a que já desapareceu a ameaça do bloco adverso, ao não existir mais a argamassa que aglutinava cada um dos blocos imperialistas, . Após o desaparecimento completo da "ameaça soviética", o único meio que resta a potência estadunidense para impor sua disciplina e fazer alarde do que constitui sua força principal, a enorme superioridade da sua potencia militar. E ao fazer assim, a política imperialista dos Estados Unidos tem se convertido em um dos principais fatores de instabilidade do mundo" ("Resolução sobre a situação internacional", XVIIº Congresso da CCI, Ponto 7).
7. A chegada do democrata Barak Obama à cabeça da primeira potência mundial suscitou muitas ilusões sobre uma possível mudança de orientação da estratégia dos EUA, uma mudança que permitiria a abertura de "uma era de paz". Uma das bases dessas ilusões é que Obama foi um dos poucos senadores americanos a votar contra a intervenção militar no Iraque em 2003 e que, contrariamente a seu competidor republicano McCain, comprometeu-se a retirar do Iraque as forças dos EUA. Entretanto, essas ilusões se depararam logo com a realidade dos fatos. Obama previu retirar as forças norte-americanas do Iraque, mas foi para reforçar seu recrutamento no Afeganistão e no Paquistão. Por outro lado, a continuidade da política militar dos EUA fica bem ilustrada em que a nova administração reconduziu em suas funções ao secretário de Defesa, Gates, que foi nomeado pelo Bush.
Na realidade, a nova orientação da diplomacia norte-americana não põe absolutamente em dúvida o marco recordado mais acima. Segue tendo o objetivo de recuperar a liderança dos EUA no planeta graças a sua superioridade militar. Assim, a orientação de Obama a favor do incremento do papel da diplomacia tem, em grande parte, a finalidade de ganhar tempo e, portanto, postergar o momento das inevitáveis intervenções imperialistas das forças militares americanas, que estão hoje dispersas e esgotadas demais para fazer simultaneamente as guerras no Iraque e Afeganistão.
Entretanto, como tem sublinhado freqüentemente a CCI, existem no seio da burguesia dos EUA duas opções para alcançar esses fins:
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A opção do Partido Democrata, que pretende associar o máximo possível outras potências nestas intervenções;
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A opção majoritária entre os Republicanos, que consiste em tomar a iniciativa das ofensivas militares e as impor a todo custo às demais potências.
A primeira opção foi realizada no fim dos anos 90 pela administração Clinton na ex-Iugoslávia, onde conseguiu obter que as potências principais da Europa ocidental, Alemanha e França especialmente, cooperassem e participassem dos bombardeios da OTAN na Sérvia para obrigar este país a abandonar Kosovo.
A segunda opção é tipicamente a do início da guerra contra Iraque em 2003, que se fez contra a oposição muito decidida da Alemanha e França, associadas neste caso com a Rússia no seio do Conselho de Segurança da ONU.
Entretanto, nenhuma dessas duas opções foi capaz até agora de dar uma reviravolta na perda da liderança dos EUA. A política de "vai ou racha" que se ilustrou entre os dois mandatos do George Bush filho, conduziu não só ao caos iraquiano, um caos que não está superado ainda, mas também a um isolamento crescente da diplomacia americana, ilustrada, particularmente, no fato de que alguns países que a apoiaram em 2003, como a Espanha ou Itália, abandonaram o navio da aventura iraquiana em plena navegação (e isso sem contar com o distanciamento mais discreto do governo de Gordon Brown em relação ao apoio incondicional que Tony Blair deu a essa aventura). Por seu lado, a política de "cooperação", a preferida dos Democratas, não permite realmente assegurar uma "fidelidade" das potências às que quer associar nas aventuras militares, sobretudo porque deixa uma margem de manobra mais importante a essas potências para que façam valer seus próprios interesses.
Hoje, por exemplo, a administração Obama decidiu adotar uma política mais conciliadora em relação ao Irã e mais firme a respeito de Israel, duas orientações que vão ao sentido da maioria dos países da União Européia, Alemanha e França em particular, dois países que desejam recuperar uma parte da influência que ao seu tempo tiveram no Irã e Iraque. Entretanto, essa orientação não impedirá que siga havendo conflitos de interesse importantes entre esses dois países, Alemanha e França, e EUA, sobretudo na esfera do leste europeu (onde a Alemanha tenta conservar relações "privilegiadas" com a Rússia) ou africana (onde duas facções que estão pondo sangue e fogo no Congo, estão apoiadas uma pela França e a outra pelos Estados Unidos).
Mas geralmente, o desaparecimento da divisão do mundo em dois grandes blocos imperialistas rivais abriu a porta à emergência de ambições imperialistas de segundo plano, novos protagonistas da desestabilização da situação internacional. Esse é o caso, por exemplo, do Irã, que pretende conquistar uma posição dominante no Oriente Médio atrás das bandeiras de "resistência" ao "grande Satã" EUA e do combate contra Israel. Com meios muito mais importantes, a China quer estender sua influência para outros continentes, África em especial, onde sua presença econômica em crescimento deve servir para arraigar nesta zona do mundo uma presença diplomática e militar, como já está ocorrendo na guerra no Sudão.
Assim, a perspectiva para o planeta depois da eleição da Obama no comando da primeira potência mundial não é muito diferente da situação que prevaleceu até agora: continuação dos enfrentamentos entre potências de primeiro ou segundo plano, continuação da barbárie bélica com conseqüências cada vez mais trágicas (fomes, epidemias, deslocamentos massivos) para as populações que vivem nas zonas disputadas. Inclusive pode-se esperar que a instabilidade que provocará o agravamento considerável da crise em toda uma série de países da periferia deverá intensificar os enfrentamentos entre facções militares dentro desses países com a participação, como sempre, das potências imperialistas. Diante desta situação, a única coisa que Obama e sua administração poderão fazer é prosseguir a política belicista de seus predecessores, como se está vendo no Afeganistão, uma política que é sinônimo de barbárie bélica crescente.
A crise ambiental
8. De tal maneira que as "melhores disposições" declaradas por Obama no plano diplomático não impedirão em nada que se prossiga o agravamento e o caos militar pelo mundo, como tão pouco impedirá que a nação que ele dirige continue sendo um fator ativo desse caos, a reorientação norte americana que anuncia hoje e no que se refere ao meio ambiente não impedirá que este continue degradando-se. Esta degradação não é uma questão de boa ou má vontade dos governos, por muito poderosos que sejam. Cada dia que passa coloca em evidência mais e mais a verdadeira catástrofe meio ambiental que ameaça o planeta: tempestade cada vez mais violenta em países que até agora não as sofria, secas, ondas de calor, degelo das calotas polares, países ameaçados de inundação pelo mar... As perspectivas são cada vez mais sombrias. Essa degradação do meio ambiente contém além do mais a ameaça de agravamento dos enfrentamentos bélicos, especialmente com o esgotamento das reservas de água potável, que estará em jogo em novos conflitos.
Como sublinhava a resolução adotada pelo congresso internacional anterior: "Por conseguinte, como pôs em evidência a CCI há mais de 15 anos, o capitalismo em decomposição leva em si ameaças consideráveis para a sobrevivência da espécie humana. A alternativa anunciada por Engels no final do século XIX: "socialismo ou barbárie", converteu-se ao longo do século XX em uma sinistra realidade. O que o século XXI nos oferece como perspectiva é simplesmente socialismo ou destruição da humanidade. Este é o verdadeiro risco que a única força social capaz de destruir o capitalismo enfrenta, a classe trabalhadora mundial". (ponto 10).
Luta de classes
9. Esta capacidade da classe trabalhadora para acabar com a barbárie engendrada pelo capitalismo em decomposição, para tirar a humanidade da sua pré-história e abrir as portas do "reino da liberdade", como disse Engels, já está se forjando desde agora nas lutas cotidianas contra a exploração capitalista. Após a queda do boco do Leste e dos regimes pretendidos "socialistas", as campanhas ensurdecedoras sobre "o fim do comunismo", quando não "da luta de classes", deram um golpe brutal na consciência e na combatividade da classe trabalhadora. O proletariado sofreu então um profundo retrocesso em ambos os planos, que se for propagando durante mais de dez anos. Só a partir de 2003, como a CCI havia posto varias vezes em destaque, a classe trabalhadora mundial tem dado provas que havia superado esse retrocesso, que tinha voltado ao caminho das lutas contra os ataques capitalistas. Desde 2003, não se tem desmentido essa tendência, os dois anos que nos separam do congresso anterior têm conhecido uma continuidade em todas as partes do mundo. Tem se podido observar inclusive, em certos momentos, uma notável simultaneidade dos combates operários em escala mundial. Por exemplo, no início de 2008, vários países se viram afetados ao mesmo tempo por lutas operárias: Rússia, Irlanda, Bélgica, Suíça, Itália, Nova Zelândia, Venezuela, México, Estados Unidos, Canadá e China.
Também temos assistido lutas operárias muito significativas durante os dois anos passados. Sem pretender ser exaustivos, podemos citar alguns exemplos:
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No Egito, durante o verão de 2007, com greves massivas no setor têxtil que encontraram a solidariedade ativa de numerosos setores (estivadores, transportes, saúde...);
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Dubai, em novembro de 2007, quando os operários da construção (essencialmente imigrantes) se mobilizaram massivamente.
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Na frança, em novembro de 2007, quando os ataques contra as pensões de aposentadorias provocaram uma greve muito combativa entre os ferroviários, com vários exemplos de laços de solidariedade com os estudantes que na ocasião estavam mobilizados contra a tentativa do governo de acentuar a segregação social na universidade, greve que revelou abertamente o papel de sabotadores das grandes centrais sindicais, especialmente a CGT e a CFDT, obrigando a burguesia dar destaque ao seu aparato de enquadramento das lutas operárias.
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Na Turquia, no final de 2007, quando a greve com duração de mais de um mês de 25.000 trabalhadores de Turk Telecom foi a maior mobilização do proletariado nesse país desde 1991, e isso no mesmo momento em que o governo daquele país estava comprometido em uma operação militar no Norte do Iraque;
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Na Rússia, em novembro de 2008, quando houve greves importantes em São Petersburgo (na fábrica Ford por exemplo) testemunho da capacidade dos trabalhadores para superar a intimidação policial muito presente por parte do FSB (antiga KGB);
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Na Grécia, no final de 2008, em clima de enorme descontentamento que já havia se expressado anteriormente, a mobilização de estudantes contra a repressão se beneficiou de uma profunda solidariedade por parte da classe trabalhadora da qual alguns setores tem ultrapassado o sindicalismo oficial; uma solidariedade que não se limitou ao interior das fronteiras do país, pois esse movimento encontrou um eco e simpatia bastante significativo em muitos países europeus;
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Na Inglaterra, onde a classe operária havia suportado uma série de derrotas cruéis durante os anos 80 e onde a greve selvagem (greve contra a vontade dos sindicatos) na refinaria de Linsay, no início de 2009, foi um dos movimentos mais significativos da classe operária desse país desde há mais de duas décadas; esse movimento deu prova da capacidade da classe operária de ampliar as lutas, em particular, e se conheceu o início de um enfrentamento contra o peso do nacionalismo com manifestações de solidariedade entre operários britânicos e operários imigrantes, poloneses e italianos.
10. O agravamento considerável da crise econômica do capitalismo hoje está claro, é um fator de primeira importância no desenvolvimento das lutas operárias. Desde já, em todos os países do mundo, os operários estão ameaçados por demissões massivas, pelo aumento massivo do desemprego. Muito concretamente, profundamente, o proletariado faz a experiência da incapacidade do sistema capitalista de permitir um mínimo decente de vida aos trabalhadores que explora. Mais ainda, torna-se ainda mais incapaz de dar-lhes a mínima expectativa de futuro as novas gerações da classe trabalhadora, o que é um autêntico fator de angústias e de desespero não só para eles, como também para seus pais. Assim vão amadurecendo as condições para que a idéia da necessidade de derrubar esse sistema possa desenvolver significativamente no seio do proletariado. Porém para estar capacitado em orientar-se para uma perspectiva revolucionária, não lhe basta à classe operária perceber que o sistema capitalista está em um beco sem saída, que terá de deixar passagem a outra sociedade. Também tem de ter a convicção de que essa perspectiva é possível e que tenha a capacidade de realizá-la. E é precisamente nesse terreno que a burguesia tem logrado marcar pontos muito importantes contra a classe trabalhadora após a queda do pretendido "socialismo real". Por um lado, tem conseguido generalizar a idéia de que a perspectiva comunista não é nada mais que um sonho: "o comunismo não funciona: a prova está em que tem sido abandonado em proveito do capitalismo pelas populações que o viviam". Por outro lado, tem logrado fazer nascer entre a classe trabalhadora um forte sentimento de impotência devido à incapacidade desta em desenvolver lutas massivas. E neste sentido, a situação hoje é muito diferente da do ressurgimento histórico da classe nos finais dos anos 1960. Naquele momento, com a imensa greve de maio de 1968 na França e o outono quente italiano de 1969, o caráter massivo das lutas proletárias evidenciou que a classe operária poderia ser uma força de primeiro plano na vida da sociedade e que a idéia de que poderia um dia jogar abaixo o capitalismo não era um sonho irrealizável. Entretanto devido a que a crise do capitalismo só estava nos seus inícios, a necessidade imperiosa de derrubar esse sistema não tinha todavia as bases materiais para disseminar entre os trabalhadores. Pode resumir-se essa situação assim: No final dos anos 1960, a idéia que a revolução era possível podia estar relativamente divulgada, porém a idéia que fosse indispensável não podia impor-se. Hoje ao contrário, a idéia de que a revolução é necessária pode ter um eco nada desprezível, porém a idéia que seja possível está pouco divulgada.
11. Para que a possibilidade de que a revolução comunista possa ganhar um terreno significativo na classe trabalhadora, é necessário que esta possa adquirir confiança nas suas próprias forças, e isso passa pelo desenvolvimento das suas lutas massivas. O imenso ataque que está sofrendo já em escala internacional deveria ser a base objetiva para as lutas. No entanto, a forma principal que está tomando hoje esse ataque, os desempregos massivos, não favorece, em um primeiro tempo, a emergência de tais movimentos. Em geral, e isso se tem comprovado freqüentemente nos últimos 40 anos, as épocas de forte aumento do desemprego não são propícias para lutas mais importantes. O desemprego, as demissões massivas, têm uma tendência a provocar certa paralisia momentânea na classe. Esta se vê submetida a uma chantagem pela parte dos patrões: "se não está contente, existem muitos trabalhadores aqui dispostos a lhe substituir". A burguesia pode utilizar esta situação para provocar uma divisão inclusive uma oposição entre os que perdem o seu trabalho e os que têm o "privilégio" de mantê-lo. Além do mais, os patrões e os governos escudam através de um argumento "decisivo". "Não temos a culpa se o desemprego aumenta e se os demitimos: a culpa é da crise". Finalmente, diante do fechamento de empresas, a arma da greve se torna inoperante, acentuando-se assim o sentimento de impotência dos trabalhadores. Em uma situação histórica na qual o proletariado não sofreu uma derrota decisiva, ao contrario do que tinha acontecido nos anos 1930, as demissões massivas, que já começaram hoje, poderão provocar combates muito duros, inclusive explosões de violência. Porém, em um primeiro momento, serão provavelmente combates desesperados e relativamente isolados, embora se beneficiem de uma simpatia real de outros setores da classe trabalhadora. Por isso, se, no período vindouro não assistirmos a uma resposta de envergadura diante dos ataques, não deveremos por isso considerar que a classe há renunciado em lutar pela defesa dos seus interesses. Em uma segunda etapa, quando será capaz de resistir às chantagens da burguesia, quando se imporá a idéia de que só a luta unida e solidária pode frear a brutalidade dos ataques da classe dominante, sobretudo quando esta vai tentar fazer com que os trabalhadores paguem os colossais déficits orçamentários que estão se acumulando por causa dos planos de salvação dos bancos e retomada da economia, será então que combates operários de grande amplitude poderão desenvolver-se melhor. Isso não quer dizer que os revolucionários se mantenham ausentes das lutas atuais. Estas fazem parte das experiências que deve atravessar o proletariado para ser capaz de abrir uma nova etapa no seu combate contra o capitalismo, e incube as organizações comunistas colocar, nas lutas mesmas, a perspectiva geral do combate proletário e dos passos suplementares que deverá dar nessa direção.
12. O caminho que conduz aos combates revolucionários e à derrubada do capitalismo é ainda longo e difícil. Cada dia que passa tem-se uma prova suplementar da necessidade dessa derrubada, porém a classe trabalhadora terá, no entanto que atravessar etapas essenciais antes de tornar-se capaz de realizar essa tarefa:
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Reconquistar sua capacidade de apoderar-se das suas lutas, posto que hoje em dia, a maioria delas, sobretudo nos países desenvolvidos, continuam amplamente submetidas ao império sindical (contrariamente ao que podemos comprovar durante os anos 1980);
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Desenvolver sua aptidão para evitar mistificações e as armadilhas burguesas que lhes obstruem o caminho para as lutas massivas e o restabelecimento da confiança em si mesma posto que, se o caráter massivo das lutas dos finais dos anos 1960 pode em grande parte explicar-se porque a burguesia foi surpreendida após decênios de contra-revolução, evidentemente hoje já não é assim;
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Politizar suas lutas, o seja sua capacidade de inscrevê-las em sua dimensão histórica, de concebê-las como um momento do vasto caminho histórico do proletariado contra a exploração e a abolição desta.
Esta última etapa é evidentemente a mais difícil de deslanchar, devido a:
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A ruptura, provocada no conjunto da classe pela contra-revolução, entre suas lutas do passado e as suas lutas atuais;
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A ruptura orgânica entre as organizações revolucionárias por causa dessa situação;
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O retrocesso da consciência no conjunto da classe após o desmoronamento do stalinismo;
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O peso deletério da decomposição do capitalismo sobre a consciência do proletariado;
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A capacidade da classe dominante para fazer surgir organizações (tais como o Novo Partido Anticapitalista na França e Die Link na Alemanha) cuja vocação é ocupar o espaço dos partidos stalinistas, hoje desaparecidos ou moribundos, ou da socialdemocracia, desconsiderada por decênios de gestão da crise capitalista, e que, por ser novas, têm a capacidade de alimentar mistificações importantes na classe trabalhadora.
De fato, a politização dos combates do proletariado está ligada com o desenvolvimento da presença no seu seio mesmo da minoria comunista. A constatação das débeis forças atuais do meio internacionalista é um dos indicadores do caminho que falta percorrer antes que a classe trabalhadora possa empreender suas lutas revolucionárias e fazer surgir seu partido mundial, órgão essencial sem o qual será impossível a vitória da revolução.
O caminho é longo e difícil, porém em nada pode se transformar em um fator de desânimo para os revolucionários, da paralisia do seu compromisso na luta proletária. Muito pelo contrário!