Nem o campo do Lula, nem o campo do Bolsonaro, nem qualquer outro! Contra todos os campos capitalistas, o único futuro está no desenvolvimento da luta de classe do proletariado

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No momento em que as eleições gerais estão sendo preparadas no Brasil, a burguesia está intensificando sua propaganda, reforçando a mistificação democrática através de suas "alternativas", encenando o duelo entre Lula, representando a face democrática da esquerda, por um lado, e o atual presidente Bolsonaro, por outro, uma caricatura do populismo e da extrema-direita (uma espécie de trumpista sul-americano).

Os argumentos apresentados pelos partidos políticos ou candidatos na corrida para convencer os eleitores a dar-lhes seu voto geralmente se resumem a isso, no Brasil como em qualquer outro país: as eleições são um momento em que os "cidadãos" são confrontados com uma escolha da qual dependeria a evolução da sociedade e, consequentemente, suas futuras condições de vida. Graças à democracia, cada cidadão teria a oportunidade de participar das principais escolhas da sociedade. Segundo eles, a votação seria o instrumento de transformação política e social, que definiria o futuro do país.

Mas esta não é a realidade, já que a sociedade está dividida em classes sociais com interesses perfeitamente antagônicos! Uma delas, a burguesia, exerce seu domínio sobre toda a sociedade através da apropriação da riqueza e, graças a seu Estado, sobre toda a instituição democrática, os meios de comunicação, o sistema eleitoral, etc. Ela pode assim impor permanentemente sua própria ordem à sociedade, suas ideias e sua propaganda aos explorados em geral, e à classe trabalhadora em particular. Esta última, por outro lado, é a única classe que, através de suas lutas, é capaz de desafiar a hegemonia da burguesia e de acabar com seu sistema de exploração.

O capitalismo, o sistema de produção que domina o planeta e todos os seus países, está se afundando em um estado de decomposição avançada. Um século de declínio está chegando à fase final, ameaçando a sobrevivência da humanidade através de uma espiral de guerras insensatas, depressão econômica, desastres ecológicos e pandemias devastadoras.

Todos os estados nacionais do planeta estão comprometidos em manter este sistema moribundo. Todo governo, democrático ou ditatorial, abertamente pró-capitalista ou enganosamente "socialista", existe para defender os verdadeiros objetivos do capital: aumento do lucro às custas do único futuro possível para nossa espécie, uma comunidade global onde a produção tem apenas um objetivo - a satisfação das necessidades humanas.

Mas, dizem-nos, desta vez no Brasil as apostas são diferentes. Reconduzir Bolsonaro, ou participar de sua recondução, não votando, seria endossar todas as políticas que ele tem seguido durante seus quatro anos de mandato.

É verdade que Bolsonaro, como foi o caso de Trump, é um defensor ferrenho do sistema capitalista: intensificação da exploração, na implementação de "reformas" trabalhistas e previdenciárias, na continuidade de medidas de austeridade que ampliaram os cortes na educação, saúde, etc. Mas ele não é apenas um clássico defensor do capitalismo, ele provou ser um defensor de tudo que é podre no capitalismo, uma caricatura do populismo: sua negação da realidade do Covid-19 e das mudanças climáticas, seu incentivo à brutalidade policial em nome da lei e da ordem, seus apelos ao racismo e à extrema direita, seu comportamento pessoal repugnante de natureza homofóbica e misógina, ..... Mas o fato de ele ser um vigarista e um racista não impediu que grandes frações da classe capitalista o apoiassem porque suas políticas de restrição de controles ambientais e de saúde servem para aumentar seus lucros.

Se, como é mais provável, Lula for eleito, não será para melhorar a situação da classe trabalhadora, mas para ser mais eficaz do que Bolsonaro tem sido a serviço da defesa do capital nacional, que é sempre realizada às custas dos interesses da classe trabalhadora.

Para a esquerda da capital, a eleição de Lula constitui uma tarefa primordial, primeiramente para tirar Bolsonaro do "Planalto" (palácio presidencial), em segundo lugar para defender a democracia. Neste sentido, o PT (Partido dos Trabalhadores, o aparato político a serviço de Lula) conseguiu articular uma ampla frente de esquerda, bem como formar coalizões com partidos de centro-direita.

Uma maior clareza sobre o que Lula e Bolsonaro representam é tanto mais necessária quanto as ameaças de Bolsonaro de desconsiderar o veredicto da urna - como foi o caso de Trump - poderiam levar, se realizadas, a confrontos violentos entre frações da burguesia, ou mesmo a uma tentativa de golpe. Se isto acontecer, é da maior importância para o futuro da luta de classes no Brasil que nenhuma fração do proletariado se deixe envolver na defesa de qualquer um dos dois campos opostos. Ambos são inimigos do proletariado, mas Lula, apoiado pelos partidos de esquerda da burguesia, é mais capaz de enganar a classe trabalhadora. Esta é outra razão para estar particularmente atento a ele.

Revolução Internacional (27 09 2022)

Rubric: 

Eleições presidenciais no Brasil