Uma voz internacionalista na Turquia

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Publicamos abaixo a declaração de princípios básicos de um novo grupo proletário na Turquia, Enternasyonalist Komünist Sol, (EKS,Esquerda Comunista Internacionalista). No sítio da CCI nós publicamos seu panfleto por ocasião do 1° de Maio, que ajudamos a distribuir. Futuramente, publicaremos nossos comentários sobre a declaração.[1]

Introdução do grupo  

As posições do EKS são pontos básicos de adesão. Foram escritas muito rapidamente com vistas a evoluir de um grupo que se reuniu para fazer e distribuir panfletos para manifestações específicas para ser um grupo político, e como tal são abertas à mudanças futuras. Elas carregam o que nós vemos como as quatro posições básicas que os revolucionários têm hoje:

  1. A rejeição do parlamentarismo, e da social-democracia;
  2. A rejeição do sindicalismo;
  3. A rejeição de todas as formas de nacionalismo, e a defesa do internacionalismo;
  4. A luta comunista, e a natureza do comunismo.

Elas não nos definem como um grupo "marxista", ou como um grupo "anarquista". Embora a maioria de nossos membros se considerem  comunistas, nós não descartamos o trabalho comum na mesma organização política em relação aos anarquistas que aderirem às posições básicas da classe trabalhadora. Nós percebemos que na situação atual na Turquia, onde virtualmente ninguém tem posições revolucionárias, seria um erro enorme excluir as pessoas, que têm bàsicamente as mesmas posições que nós hoje, na base de argumentos históricos sobre as coisas que aconteceram no começo do último século. Isso não significa entretanto, que estas são questões que nós não discutimos, nem que nós não estamos tentando desenvolver uma maior clareza sobre elas.
 


Princípios básicos do Enternasyonalist Komünist Sol

1) A rejeção do parlamentarismo, e da social-democracia.

A idéia de que a ordem existente pode ser mudada com os meios parlamentares ou democráticos é o obstáculo principal que o movimento operário confronta a cada passo. Quando esta ilusão é conscientemente criada pela classe dominante, ela também é defendida e proposta como uma solução pelos grupos esquerdistas, que são incapazes de compreender a natureza de classe do parlamento, que é baseado na idéia de que a classe trabalhadora tem uma participação na nação, mas na realidade, não é não mais do que um circo que tenta impor a idéia de que um movimento baseado na classe é tanto sem sentido, quanto inútil, a fim de mobilizar o proletariado atrás dos interesses da burguesia. A social-democracia também não se priva de fazer parte desse circo. A social-democracia, que defende a ideologia dos direitos e liberdades democráticas, e a mudança do equilíbrio existente a favor da classe trabalhadora através de reformas, que já não são  possíveis sob o capitalismo, é por causa da sua posição que é uma ferramenta para criar um ponto médio entre a classe dominante, e a classe trabalhadora, que ela defende os interesses da burguesia. Enquanto a social-democracia não constitui um obstáculo à classe dominante, ela é anti-classe trabalhadora, e tem uma posição contra-revolucionária nas épocas em que os movimentos proletários surgem, e constitui uma ideologia colaboradora com a  classe inimiga a serviço da burguesia.

2) A rejeção do sindicalismo.

Exatamente como o parlamento, os sindicatos também organizam os trabalhadores como uma parte do capital. Além disso por causa de sua posição no coração da classe trabalhadora, constituem o primeiro obstáculo à luta do proletariado. Quando a classe trabalhadora parece ser passiva, e sua luta face ao capital não está clara, radicalizada ou generalizada, os sindicatos organizam a classe trabalhadora como  capital variável, e como escravos assalariados, também como generaliza a ilusão de que há modos tanto honrosos como justos de viver desta maneira. Os sindicatos não são somente incapazes de empreender a ação revolucionária, mas também são incapazes de defender as condições básicas de vida do trabalhador, aqui e agora. Esta é a principal razão pela qual os sindicatos usam as táticas burguesas, pacifistas, chauvinistas, e estatistas. Quando o movimento da classe trabalhadora se radicaliza, e se desenvolve, os sindicatos propõem slogans democráticos e revolucionários, e desta  maneira tentam manipular o movimento, como se os interesses da classe trabalhadora não fossem a emancipação do próprio trabalho assalariado, mas continuá-lo em diferentes formas. Os métodos do sindicalismo de base e da autogestão são usados em lugares e em situações diferentes, tendo por resultado nada mais que a própria aceitação voluntária da dominação do capital pelos trabalhadores. Na realidade, a única coisa que os sindicatos fazem é dividir os trabalhadores em diferentes grupos setoriais, e arrastar os interesses da classe como um todo atrás dos slogans social-democratas.

3) A rejeção de todas as formas de nacionalismo, e a defesa do internacionalismo.

O nacionalismo é um slogan básico usado pela burguesia para organizar a classe trabalhadora nos interesses capitalistas. A reivindicação de que, independente de sua posição da classe, cada membro de uma nação está no mesmo barco, só serve para destruir o potencial revolucionário da classe trabalhadora juntando em um nível ideológico duas classes antagônicas . A partir desta premissa, chega a dizer que cada pessoa tem que trabalhar para a "sua" própria nação, para sua própria classe capitalista, e a luta pelos seus próprios interesses de classe resultaria no naufrágio do barco. Ao contrário das  reivindicações de toda a esquerda tanto no caso  do nacionalismo turco quanto do curdo, eles não têm diferentes características.

A realidade básica negada pelos que falam sobre libertação nacional, lutas contra o imperialismo, é que a característica da luta da classe trabalhadora por sua libertação está acima das nações. A libertação da classe trabalhadora somente pode ser conseguida levantando-se a bandeira da luta de classes contra cada tipo de luta de libertação nacional, de demagogia, e de guerra imperialista. Hoje, os que falam de uma "frente nacional" contra os imperialistas, de independência nacional, competem com os liberais,dos quais pensam ser opostos, para negar as contradições de classe. O nacionalismo curdo, chamado de oposto ao nacionalismo turco, do qual ele também se alimenta, realiza a completa separação da classe trabalhadora desempenhando o mesmo papel que o nacionalismo turco para os trabalhadores na sua própria região.

4) A luta comunista, e a natureza do comunismo.

O comunismo não é uma bela utopia que poderá ser alcançada um dia, nem uma teoria cuja necessidade é cientificamente comprovada, mas é a luta dos trabalhadores por seus próprios interesses como um movimento. Nesse sentido, o comunismo não tem nenhuma relação com a sua definição esquerdista. Nasceu particularmete da luta dos trabalhadores por seus interesses cotidianos, ele é a expressão de sua necessidade de emancipação do trabalho assalariado, do capital, e do estado. Em conseqüência disso, é a negação de todas as separações entre intelectuais e trabalhadores, entre objetivos absolutos e interesses cotidianos,entre consciência "sindical" e "consciência socialista", entre objetivos e meios. Sempre que os trabalhadores começam a lutar pelos seus próprios interesses autonomamente dos sindicatos e dos auto-proclamados partidos dos trabalhadores, então o comunismo floresce dentro da luta. Da mesma maneira, a organização comunista é formada organicamente dentro desta luta, e é nascida da união internacional das intervenções das minorias mais radicais e mais determinadas na luta de classes, que expressam o antagonismo entre os trabalhadores e o capital.

(junho de 2006)


[1] Para contatar o EKS, escreva para solkomunist @anti-spam@ yahoo.com.

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