Chavez, Lula, Castro, …, altermundialismo, … um mesmo combate da esquerda do capital contra o proletariado

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"Como analisam vocês a política de Chávez comparada com a de Lula?"

Várias intervenções assinalaram que a política do governo de esquerda de Lula não se diferenciava dos governos de direita que lhe precederam, que se constata que se incrementaram os níveis de empobrecimento da população no Brasil. Entretanto, houve muitas perguntas, dúvidas e inclusive simpatias com respeito ao governo do Chávez na Venezuela, expondo que este sim orientava os recursos do estado para o bem-estar da população e desenvolvia uma valente luta contra o imperialismo americano, diferente da tímida posição da burguesia brasileira.

O fato de que na Venezuela tenha chegado ao poder uma fração burguesa "radical" de esquerda é uma conseqüência do alto grau de decomposição da burguesia venezuelana, que foi incapaz de colocar no poder setores moderados de esquerda tal como pôde fazer a burguesa brasileira por exemplo; é por isso que a fração chavista do capital nacional, constituída por setores da burguesia e a pequena burguesia que em sua maioria foram excluídos dos governos anteriores, desenvolve uma política de exclusão dos outros setores da burguesia, o que ocasiona uma permanente confrontação entre eles, na qual foi implicado o proletariado venezuelano.

O chavismo, com a assessoria do governo cubano e uma plêiade de dirigentes e intelectuais da esquerda latino-americana e mundial, com o apoio dos movimentos antiglobalização e altermundialistas, além de ser sustentado por uma montanha de dólares produto das exportações petroleiras (e da exploração da classe operária venezuelana), desenvolveu um programa de governo chamado "revolução bolivariana", cujo fundamento é o programa nacional-capitalista de Estado simbolizado pelas forças guerrilheiras dos anos 60. A chamada "revolução bolivariana" nada tem a ver com a revolução proletária; muito pelo contrário, esta se sustenta pela exploração da classe operária, por um ataque ideológico e físico à classe operária, próprio dos regimes estalinistas e fascistas. O chavismo, igual aos governos de Lula no Brasil, Kirchner na Argentina, etc., pode vender ilusões ao proletariado e redistribuir a miséria entre os pobres, tal como o faz todo governo que tem como fundamento a exploração da força de trabalho; o que explica que os níveis de empobrecimento cresçam na Venezuela, tal como acontece no resto dos países capitalistas.

Considerando o "anti-imperialismo"

No capitalismo decadente todo estado necessariamente desenvolve uma política imperialista contra as outras nações. Esta situação se deve fundamentalmente a que diante das crescentes contradições econômicas, cada nação se obrigada a uma política cada vez mais militarista para tentar manter-se no campo imperialista mundial.

A força da influência de um país na arena imperialista depende de seu poder econômico, militar e das condições geopolíticas; por exemplo é evidente que os EUA, primeira potência mundial, tem a maior capacidade para impor sua política imperialista a nível mundial.

O "anti-imperialismo" barulhenta do Chávez contra Bush e os EUA, não é mais que uma campanha ideológica desenvolvida a nível interno e externo para obter o apoio da classe operária e dos explorados à própria política imperialista da burguesia venezuelana para o controle de suas áreas de influência (O Caribe, Centro e parte da América do Sul). O governo chavista dedica importantes recursos financeiros ao serviço desta campanha para que os dirigentes, intelectuais e grupos da esquerda "radical" da região lhe sirvam de caixa de ressonância; ele também tenta aproveitar as dificuldades do imperialismo americano em outras partes do mundo (principalmente no Iraque), que aumentam sua impopularidade e dificultam sua oposição às veleidades imperialistas da burguesia Venezuelana.

As burguesias da região, em particular suas frações de esquerda, compartilham, apóiam e exploram a seu favor a megalomania do Chávez e seu frenesi anti-americano, na medida em que o discurso chavista corresponde a seus interesses geopolíticos. Em particular, a estratégia imperialista da burguesia brasileira, menos barulhosa que a da Venezuela e localizada em um terreno mais diplomático, é mais efetiva contra os interesses do EUA. Isto se observa pela grande influência do Brasil nas negociações do ALCA, onde a burguesia brasileira faz uso de seu caráter de primeira potência econômica da região com um peso geopolítico importante, que o governo de Lula explorou de maneira muito inteligente.

O proletariado deve enfrentar e denunciar a ideologia "anti-imperialista", que é utilizada para arregimentá-lo nas bandeiras e interesses de cada capital nacional. A luta do proletariado contra o imperialismo está inscrita em sua luta cotidiana contra a sua própria burguesia, pois o imperialismo é o "modus vivendi" do capitalismo decadente.