Gaizka cala-se. Um silêncio ensurdecedor

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Face ao nosso artigo "Quem é Quem no Novo Curso?", que denuncia a colaboração do indivíduo chamado Gaizka com altos funcionários e instituições do Estado burguês, este sujeito tem mantido até agora um silêncio absoluto. "Sem comentários"... O silêncio como resposta. E temos dificuldade em acreditar que ele não tenha ouvido o que dissemos, uma vez que os seus amigos vieram imediatamente em sua defesa[1]. Mas nem um nem os outros contribuíram com uma única negação para os fatos que expomos: NADA, Absolutamente nada.

Esse silêncio significa uma confirmação gritante da carreira arrivista e aventureira de Gaizka. Não dizem nada porque, na verdade, não tem nada a opor.

Que o silêncio só pode corroborar as indagações é algo bem conhecido, e a este respeito Paul Frölic[2] cita uma anedota na sua autobiografia sobre um dos editores da imprensa:

  • "Ele tinha um instinto de comportamento tático. Uma vez fiquei muito surpreendido por ele não ter respondido aos repetidos ataques de outro jornal do partido. "Muito simples", disse ele, "estava errado sobre uma questão importante e agora deixo que se repreendam até ficarem afônicos e que a história seja esquecida. Até lá, estou surdo"3].

No entanto, sempre que os revolucionários foram acusados de provocação ou colaboração com a burguesia, ou simplesmente de comportamento indigno, têm dedicado todas as suas energias a negá-lo. Marx passou um ano preparando um livro inteiro respondendo às acusações de Herr Vog[4] de que ele era um agente infiltrado. Tal como algum tempo depois, juntamente com Engels, como se pode ver pela sua correspondência[5], ele esteve envolvido em todas as lutas necessárias contra as tentativas de desacreditar a AIT e eles próprios. Bebel foi acusado de roubar dinheiro da caixa da ADAV (Associação Operária) e não desistiu até se provar que as acusações eram falsas. Trotsky, completamente isolado e assediado por Stálin, ainda reuniu forças para aproveitar o pouco terreno que lhe restava e convocar a Comissão Dewe[6][7] em sua defesa, etc.

No entanto, pelo contrário, os verdadeiros aventureiros e provocadores fizeram tudo o que estava ao seu alcance para escapar e passarem através das fendas.

Um Silêncio ensurdecedor

Com efeito, por exemplo, Bakunin, em primeiro lugar perante a circular privada da AIT sobre "As alegadas cisões na Internacional", sob a aparência de um tom escandalizado, reconhece que só conseguiu opor... um silêncio prolongado:

  • "Há dois anos e meio que suportamos silenciosamente esta agressão imunda". Os nossos caluniadores começaram primeiro com acusações vagas, misturadas com reticências coardes e insinuações venenosas, mas ao mesmo tempo tão estúpidas que, por falta de outras razões para se calarem, o mau gosto misturado com o desprezo que tinham provocado na minha cura teria sido suficiente para explicar e legitimar o meu silêncio"[7].

Em vão se pode escrutinar toda a carta em busca de algum argumento, o que se manifesta através da sua ausência. Contudo, Bakunin anunciou que convocaria um Júri de Honra e que escreveria um artigo antes do próximo congresso (NdR: de Haia, 1872):

  • "Por outro lado, sempre me reservei o direito de chamar todos os meus caluniadores perante um júri de honra, que o próximo congresso sem dúvida não me recusaria... Restabelecê-los (os fatos, NdR) à sua verdade, contribuindo na medida do possível para a demolição do sistema de mentiras construído por Marx e seus acólitos, esse será o objetivo de um trabalho que tenciono publicar antes da reunião do congresso."

Nem é preciso dizer que nunca convocou um tal Júri de Honra, nem escreveu nenhum artigo. Em vez disso, assim que soube da publicação do relatório da Aliança da Democracia Socialista e da Associação Internacional dos Trabalhadore[8], o que escreveu numa carta de 25 de Setembro de 1873 ao Jornal de Genebra (para além de insultos contra Marx, por "comunista, alemão e judeu") foi uma capitulação:

  • "Confesso que tudo isto me enojou profundamente da vida pública. Estou farto de tudo isso. Depois de ter passado toda a minha vida na luta, estou cansado. Já passei dos sessenta anos e uma doença no coração que piora com a idade torna a minha existência cada vez mais difícil. Que outros mais jovens se ponham ao trabalho. Quanto a mim, não sinto mais a força, nem talvez a confiança necessária para empurrar a pedra de Sísifo contra a reação triunfante em todos os lugares. Por isso, retiro-me da luta e peço apenas uma coisa aos meus caros contemporâneos: o esquecimento[9].

E, como podem ver, Bakunin também aplica aqui outra das estratégias clássicas dos aventureiros, que é apresentar-se como uma vítima que sofre quando os seus comportamentos pessoais são desmascarados.

Do mesmo modo, quando Schweitze[10] foi acusado de roubar dinheiro destinado a trabalhadores doentes que não podiam ir trabalhar, para o gastar em champanhe e "delicatesen", ao contrário de Bebel, ele nunca pôde defender-se:

  • "Schweitzer foi acusado publicamente mais de uma vez desta ação vergonhosa, mas nunca se atreveu a defender-se"[11]

Mais ainda, quando Bebel e Liebknecht o denunciaram como agente do governo no congresso de Barmen-Elberfeld (Wuppertal), ele, que estava sentado no mesmo palco, mesmo atrás deles, não proferiu uma única palavra, deixando os seus acólitos se ocupassem com insultos e ameaças:

  • "Os nossos discursos continham um resumo de todas as acusações que tínhamos feito contra Schweitzer. Houve várias interrupções violentas, especialmente quando o acusamos de ser um agente do governo; mas eu recusei-me a retirar qualquer coisa... Schweitzer, que estava sentado atrás de nós quando falávamos, não proferiu uma palavra em resposta. Saímos imediatamente protegidos por alguns delegados contra os ataques dos defensores fanáticos de Schweitzer, no meio de uma tempestade de imprecações e insultos como "velhacos!", "traidores!", "canalhas!" e assim por diante. À porta encontramos os nossos amigos que nos escoltaram sob a sua proteção até chegarmos em segurança ao hotel"[12].

E ainda se pode ver o exemplo histórico de Parvus, acusado por Gorki de desviar dinheiro pelos direitos do seu trabalho na Alemanha, denunciado como aventureiro e social patriota por Trotsky[13], que tinha sido seu amigo, rejeitado por Rosa Luxemburgo, Clara Zetkin e Leo Jogiches, que o tratavam de vendido ao imperialismo alemão, e que Lênin impediu de regressar a Petrogrado após a revolução, porque tinha "mãos sujas"; e que nunca assumiu a sua defesa contra todas estas acusações, deixando outros (Radek em particular) para o defenderem no meio dos exilados na Suíça durante a guerra (1915).

E poderíamos continuar, Lassalle, Azev..., etc., todos tentaram fazer esquecer as acusações contra eles com um muro de silêncio, desaparecendo ou fazendo de conta que nada tinha acontecido (como Parvus).

Mas não há necessidade de voltar tão atrás; em 2005 pudemos ver como o "cidadão B", que se proclamou "por unanimidade" (já que se tratava apenas de si próprio) como o "Círculo de Comunistas Internacionalistas" da Argentina, colocando-se a serviço da FICCI[14] (agora Grupo Internacional da Esquerda Comunista - GICG-) para denegrir a CCI, fez -se de mudo para o fórum assim que denunciamos a sua impostura[15].

Há também exemplos de crises de mutismo quando a CCI denunciou aventureiros em suas fileiras. Foi o caso da descoberta e punição do militante conhecido como Simón[16], ao qual ele respondeu com um silêncio teimoso que até provocou uma "Resolução sobre o Silêncio do Camarada Simón", que dizia:

  • "Desde que o camarada Simón se retirou da vida da CCI no final de Agosto de 1994, não aceitou em momento algum o pedido da organização de dar a conhecer por escrito os desacordos que tinha com as suas análises e declarações de posição, que, segundo ele, motivaram parcialmente a sua retirada... Este silêncio do camarada Simón é ainda mais inadmissível, uma vez que tinha desacordos fundamentais com as duas resoluções adotadas na reunião ampliada do Secretariado Internacional de 3 de Dezembro de 1994".

Mas este silêncio obstinado dos aventureiros e dos elementos suspeitos, quando são apanhados com a mão na massa, não é apenas uma confirmação das acusações feitas contra eles ou uma forma de tentar que se esqueçam deles, é também uma estratégia para que outros venham em sua defesa.

Os amigos  de Gaizka e companhia

Se Gaizka não disse "esta boca é minha" desde que publicamos a nossa denúncia, a seus amigos não lhes faltou tempo para sair em sua defesa. E assim a GIGC publicou apenas 4 dias depois uma declaração: "Novo ataque da CCI contra o campo proletário internacional ".

Não nos surpreende que um grupo parasita com um comportamento de gangster e policialesco venha em defesa de um aventureiro. Além disso, já fizeram o mesmo em 2005, ao assumir a causa do cidadão B da Argentina. E talvez devêssemos começar a pensar que o GIGC tem poderes premonitórios, posto que publicou e distribuiu um comunicado do "Círculo" da Argentina, antes de o Cidadão B o publicar no seu próprio website.

O lamentável é que o GIGC (então FICCI) enganou o BIPR[17] (atualmente TCI), que, embora discretamente, sem intervir diretamente, publicou os comunicados da FICCI/Cidadão B denegrindo a CCI e encorajando comportamentos indignos de ambas as partes.

É claro que o GIGC não fornece no seu comunicado qualquer negação do que denunciamos no nosso artigo, exceto a afirmação de que "não notaram nada": "devemos salientar que até esta data não notamos qualquer provocação, manobra, difamação, calúnia ou rumor, lançado pelos membros do Novo Curso, mesmo a título individual, nem qualquer política de destruição contra outros grupos ou militantes revolucionários". Algo em que até vamos nos deter por um segundo.

Na realidade, o objetivo do comunicado é atacar a CCI, pois seria ela "quem desenvolveu estas práticas sob o disfarce da sua teoria de decomposição e parasitismo a que volta a retomar agora". E, por outro lado, teria caído "no campo apodrecido da personalização das questões políticas".

O site Pantópolis do Doutor Bourrinet[18] reproduziu imediatamente o artigo precedido de uma introdução que concorre com a GIGC e que ultrapassa o seu peso em termos de ódio contra a CCI.

Outro grupo que tem condenado a nossa exposição de Gaizka é a GCCF[19], que afirmou[20]: "só podemos condenar esta escandalosa e imoral peça de fofoca personalizada de primeira classe completamente fora da arena política".

Em suma, duas recriminações: 1) que não é Gaizka, mas a CCI que se comportaria de forma indigna do proletariado, com difamação e de provocação; 2) que na nossa denúncia as questões políticas são substituídas por questões pessoais.

Não é a primeira vez que, diante do rigor na defesa do meio proletário e da denúncia de comportamentos indignos, as organizações revolucionárias são atacadas com calúnias sobre o seu "autoritarismo" e as suas "manobras", como se empregassem os mesmos meios que os aventureiros e provocadores descobertos. Foi o caso da AIT: "A burguesia, que compreendeu, do seu ponto de vista claro, o perigo histórico para os seus interesses de classe representado pelas lições tiradas pela Primeira Internacional, respondeu às revelações do Congresso de Haia, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para desacreditar esse esforço. Assim, a imprensa e os políticos da burguesia salientaram que a luta contra o Bakuninismo não era uma luta de princípios, mas uma sórdida disputa pelo poder no seio da Internacional, acusando Marx de ter eliminado o seu rival, Bakunin, através de uma campanha de falsidades. O que, em outras palavras, a burguesia tentava incutir nos trabalhadores é que as organizações de trabalhadores utilizavam os mesmos métodos, e não eram, portanto, melhores, do que as organizações dos seus exploradores. O fato de a esmagadora maioria da Internacional ter apoiado Marx foi atribuído ao "triunfo do autoritarismo" nas suas fileiras, e à suposta tendência dos seus membros para verem inimigos da Associação à espreita por todo o lado. Bakuninistas e Lassalleanos chegaram mesmo a espalhar rumores de que o próprio Marx era um agente da Bismark"[21].

O próprio Bakunin não hesitou em apresentar a luta da Internacional pela defesa dos seus estatutos e funcionamento contra o espírito sectário e as suas intrigas como uma "luta de seitas": Assim, na sua Carta aos Irmãos em Espanha, Bakunin queixa-se de que a resolução da Conferência de Londres (1872) contra as sociedades secretas foi de fato adotada pela Internacional para :"abrir caminho à sua própria conspiração, a da sociedade secreta que, sob a liderança de Marx, existe desde 1848, tendo sido fundada por Marx, Engels e o falecido Wolf, e que por acaso é a mais impenetrável sociedade alemã de comunistas autoritários (...). Há que se reconhecer que a luta travada no seio da Internacional não é mais do que uma luta entre duas sociedades secretas".[22]

Na visão mundial destes elementos como Bakunin, a GIGC, ou Gaizka, não há lugar para a honestidade, princípios organizativos ou moralidade proletária; eles apenas projetam nos outros a sua própria forma de comportamento. Como diz a sabedoria popular, "crê o ladrão que todos são da sua condição".

No entanto, "O que é mais grave e muito mais perigoso é que tais infâmias encontrem um certo eco nas fileiras do próprio meio revolucionário. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a biografia de Marx escrita por Franz Mehring . Neste livro, Mehring, que pertencia à esquerda combativa da II Internacional, declara que o panfleto do Congresso da Haia sobre a Aliança era "imperdoável" e "indigno da Internacional". No seu livro, Mehring defende não só Bakunin, mas também Lassalle e Schweitzer, contra as acusações de Marx e dos marxistas."[23]

Este descrédito da luta marxista contra o Bakuninismo e o Lassalleanismo por Mehring teve efeitos devastadores no movimento operário nas décadas seguintes, pois não só levou a uma certa reabilitação de aventureiros políticos como Bakunin e Lassalle, mas sobretudo permitiu que a ala oportunista da socialdemocracia antes de 1914 apagasse as lições das grandes lutas pela defesa da organização revolucionária dos anos 1860 e 1870. Foi um fator decisivo na estratégia oportunista de isolamento dos bolcheviques na II Internacional, quando na realidade a sua luta contra o menchevismo pertence à melhor tradição da classe trabalhadora. A III Internacional também sofreu com o legado de Mehring, e assim em 1921 um artigo de Stoecker ("Sobre o Bakuninismo"), baseou-se também nas críticas de Mehring a Marx, para justificar os aspectos mais perigosos e aventureiros da chamada Ação de Março de 1921 pelo KPD (Partido Comunista Alemão) na Alemanha.[24]

O fato de o BIPR se ter deixado arrastar atrás da FICCI e do "Cidadão B" em 2005 também deu asas ao parasitismo, dificultando a luta contra ele e a sua denúncia no meio proletário.

Mas passemos à segunda acusação, a de personalizar as questões políticas. Para começar, a nossa denúncia não se baseava na divulgação de coisas íntimas, mas na exposição de comportamentos políticos públicos, o que está amplamente documentado. O que expusemos sobre Gaizka são fatos que pertencem à esfera da ação pública dos políticos burgueses e que, portanto, devem ser cuidadosamente considerados pelos militantes comunistas. O que fazia um indivíduo que tinha frequentado repetidamente os círculos políticos de alto nível do Estado burguês no campo da Esquerda Comunista?

Agora, em segundo lugar, existem fatos "privados" (intrigas, manobras, contatos secretos, relações obscuras, etc.) cujo conhecimento é necessário para compreender e poder denunciar ações destrutivas contra o proletariado ou contra organizações revolucionárias. Denunciá-los não tem nada a ver com fofocas.

Sobre isto, em vez de respondermos nós próprios, deixemos que seja Engels a fazê-lo. Em um dos muitos artigos que Marx e ele mesmo tiveram que escrever em defesa da AIT, acusada por toda a imprensa burguesa e pelos provocadores e seguidores de Bakunin, e questionada pelos próprios militantes indecisos, Engels responde a um artigo do Vperyod de Peter Lavrov[25], que questiona o relatório da Comissão do Congresso da Haia sobre "A Aliança da Democracia Socialista e a AIT"[26], porque seria uma "polêmica cáustica sobre assuntos pessoais e privados com informações que só podem vir de boatos". E é isto que diz:

  • "A principal acusação (contra o relatório sobre a Aliança, NdR), porém, é que o relatório está cheio de boatos... de fofoca. A sua declaração é, em todo o caso, extremamente frívola. Os fatos em questão estão provados por evidências autênticas e os envolvidos tiveram o cuidado de não as contestar.
    Mas o Amigo Peter[27] é de opinião que os assuntos privados, tal como as cartas privadas, são sagrados e não devem ser publicados nos debates políticos. Aceitar a validade deste argumento em todos os termos significa tornar impossível escrever sobre a história... Assim, se se está descrevendo a história de um bando como a Aliança, no qual se encontra um tal número de vigaristas, aventureiros, canalhas, espiões da polícia, trapaceiros e covardes, juntamente com aqueles que foram enganados, deve-se falsificar essa história, ocultando conscientemente as vilanias individuais desses cavalheiros como "assuntos privados"?...

Quando Vperyod, no entanto, descreve o relatório como uma mistura desajeitada de fatos essencialmente privados, está cometendo um ato que é difícil de caracterizar, ... Ninguém pode ler "Um Complô Contra a Internacional" sem estar convencido de que os assuntos privados intercalados são a parte mais insignificante, são ilustrações para dar uma imagem mais detalhada das personagens envolvidas, e não poderiam ser suprimidas sem pôr em causa o ponto principal do relatório. A organização de uma sociedade secreta com a única intenção de submeter o movimento operário na Europa à ditadura oculta de alguns aventureiros, as infâmias cometidas para levar a cabo esse propósito, particularmente por Nechaiev na Rússia - esse é o tema central do relatório, e afirmar que tudo gira apenas em torno de assuntos privados é, no mínimo, irresponsável"[28].

Conclusão

Podemos tolerar no meio político proletário um elemento que tenha mantido contatos e colaborado com altos funcionários do Estado burguês? Podemos acreditar que alguém assim se apresenta agora como representante da Esquerda Comunista? Podemos construir organizações do proletariado e preparar o futuro partido da revolução com indivíduos como este, deixando-o fazê-lo? O silêncio abjeto de Gaizka é uma confirmação da sua colaboração com o Estado burguês, como denunciamos. A sua folha de serviço principalmente ao PSOE[29] e em algum momento aos liberais; e depois os seus contatos com a Esquerda Comunista e o seu desaparecimento quando questionado sobre aspectos problemáticos do seu comportamento para uma militância comunista[30], constituem a trajetória de um aventureiro.

A aspiração de um grupo formado em torno deste elemento de ser considerado parte da Esquerda Comunista, se mesmo ocasionalmente fosse concretizada, significaria a introdução de um cavalo de Troia cujo propósito não poderia deixar de desvirtuar e minar a herança da tradição proletária e os seus princípios programáticos e organizativos representados pelas organizações da Esquerda Comunista. E isto independentemente da honestidade dos membros do grupo Gaizka que podem estar a ser enganados.

Nesse sentido, e guardando todas as distâncias, tal como Bakunin, como diz Engels, quis impor a sua ditadura à Internacional, que agrupou o movimento operário na Europa, Gaizka quer ser, igualmente escondido atrás de um grupo – Novo Curso - onde existem possivelmente elementos dissimulados, uma referência da esquerda comunista, especialmente para os jovens em busca de posições políticas proletárias. Mas a sua ligação com a esquerda comunista só pode confundir as posições desta última, fazendo passar princípios e métodos esquerdistas ou estalinistas como se fossem posições de Esquerda Comunista.

Neste esforço criminoso, Gaizka tem o apoio organizado do grupo parasita e gangstere da GIGC, que o apresenta precisamente como um campeão do reagrupamento; mas também tira partido do silêncio em relação às suas iniciativas de outros grupos do meio proletário..

C.C.I (11.04.2020)

 

[1] Nos referimos ao  Groupe International de la Gauche Communiste, a Gulf Coast Communist Fraction (GCCF) e ao web do professor Bourrinet: Pantópolis.

[2] Militante da Esquerda de Bremen durante o período revolucionário na Alemanha ; Delegado do IKD no congresso de fundação do KPD.

[3] Paul Frölich "Im radikalen Lager" Politische Autobiografie 1890-1921, capítulo Leipzig, Berlim 2013 pag. 51 : "Ele tinha um instinto de comportamento táctico. Uma vez fiquei muito surpreendido por ele não ter respondido aos repetidos ataques de outro jornal do partido. "Muito simplesmente, disse ele, eu estava errado sobre um ponto importante. Agora deixei-os ladrar até ficarem roucos e a história ser esquecida. Até lá, sou surdo"." Trata-se de Paul Lensch (1873-1926), um elemento com uma história duvidosa no movimento operário, que trabalhou com Frölich como redator de talento no jornal socialdemocrata Leipziger Volkszeitung e ao qual caracteriza como "um buldogue de costas largas e patas fortes, tão mordedor sem piedade como acolhedor (…) que se supõe que tinha muito da elegância de Mehring, mas em quem a brutalidade de seu caráter acaba sempre abrindo caminho. Um fanfarrão esperto (...) sem nada que o vincule à classe trabalhadora.  Também capaz de estar no "lugar certo" se isso ajudasse a sua carreira; em 1910 fazia parte da ala esquerda da socialdemocracia desempenhando um papel duvidoso no caso Radek; depois presente na noite de 4 de Agosto de 1914 no apartamento de Rosa Luxemburgo (contra a guerra imperialista) e pouco depois, em 1915, partidário da extrema direita da Socialdemocracia e defensor juntamente com Cunow e Haenisch do "socialismo de guerra" - que defendeu a guerra com um argumento "marxista" - na revista Die Glocke, de Parvus, entre outros. Lensch não foi simplesmente um socialdemocrata que se deixou arrastar para a direita e, em última análise, para a traição do proletariado; como elemento sem quaisquer laços militantes ou confiança na classe trabalhadora, foi sobretudo um carreirista desonesto que se escondeu por detrás do marxismo e era capaz de se manter em silêncio quando necessário."

[4] Neste livro, que levou um ano para ser concluído, Marx não só se defendeu contra as acusações desonestas de Vogt, como também defendeu a Liga dos Comunistas, apesar desta já ter desaparecido. No entanto, defender a tradição que representava, o Manifesto Comunista, os princípios de organização, a continuidade do movimento operário, era de importância vital; ao contrário de todos aqueles que consideram que Marx teria perdido o seu tempo com as minúcias, ou mesmo o seu bom senso político e a sua dedicação desinteressada à luta do proletariado.

[5] Marx/Engels Collected Works, 2010 Lawrence &Wishart Electric Book, Vol 24

[6] Uma vez que Stálin tinha esmagado todos os vestígios do que o meio operário tinha sido no período revolucionário, a Comissão teve de ser composta principalmente por membros da intelectualidade e da cultura, reputados pela sua independência de opinião e honestidade. Dewey era um deles. As sessões da Comissão tiveram lugar no México.

[7] Em Jacques Freymond, A Primeira Internacional, Ed. ZERO 1973, pag. 355

[8] O relatório foi encomendado a uma comissão de inquérito pelo Congresso de Haia da AIT (1872). Após ouvir e discutir o relatório, o Congresso tomou a decisão de excluir Bakunin e alguns dos seus seguidores da Internacional.

[9] Biblioteca Virtual Sit Inn – www.sitinn.hpg.com.br, Bakunin por Bakunin – Cartas. Carta au Journal de Gêneve. Em português no original. Traduzido por nós: "o Sr. Marx, o chefe dos comunistas alemães, que, sem dúvida por causa de seu tríplice caráter de comunista, alemão e judeu, me odiou". "...confesso que tudo isso me enojou profundamente da vida pública. Estou farto de tudo isso. Após ter passado toda minha vida na luta, estou cansado. Já passei dos sessenta anos, e uma doença no coração, que piora com a idade, torna minha existência cada vez mais difícil. Que outros mais jovens ponham-se ao trabalho. Quanto a mim, não sinto mais a força, nem talvez a confiança necessária para empurrar por mais tempo a pedra de Sysipho contra a reação triunfante em todos os lugares. Retiro-me, pois, da liça, e peço a meus caros contemporâneos apenas uma coisa: o esquecimento".

[11] Bebel, My Life, The University of Chicago press, The Baker & Taylor co., New York, pag. 152. Em inglês no original, traduzido por nós:  "Schweitzer foi acusado publicamente mais de uma vez desta vergonhosa ação, mas nunca ousou defender-se."

[12] Idem, pag 156. "Nossos discursos continham um resumo de todas as acusações que tínhamos formulado contra Schweitzer. Houve interrupções violentas, especialmente quando o acusamos de ser um agente do Governo; mas eu me recusei a retirar qualquer coisa... Schweitzer, que se sentou atrás de nós quando falamos, não pronunciou uma palavra em resposta. Saímos imediatamente, alguns dos delegados nos guardando contra agressões dos fanáticos partidários de Schweitzer, em meio a uma tempestade de imprecações, como "Traidores!" "Malandros!" e assim por diante. Às portas nossos amigos me tus e nos levaram sob sua proteção, acompanhando-nos em segurança até nosso hotel."

[13] Ver em Nashe Slovo nº 2: "Epitaphy for a living friend"

[14] "Fração Interna da CCI", um grupo parasita cujos membros foram excluídos da CCI, recusando-se a defender as suas posições e ações perante a comissão de recurso nomeada pelo 15º Congresso. Um dos seus membros proeminentes, conhecido como Jonas, tinha sido expulso mais cedo por comportamento indigno de militância revolucionária. Ver Documentos de la vida de la CCI - El combate por la defensa de los Principios Organizativos e 'Fracción Interna' de la CCI: Intento de estafa a la Izquierda Comunista

[16] Simón seria excluído no 11º Congresso da CCI por comportamento incompatível com a militância comunista.

[17] Bureau Internacional pelo Partido Revolucionário, de tendência Damenista, atualmente Tendência Comunista Internacionalista (TCI)

[19] Gulf Coast Communist Fraction

[20] Que se adiante que não pretendemos de forma alguma equiparar o GIGC/Bourrinet e o GCCF pela mesma medida. O GIGC é um grupo parasita que só existe para atacar a CCI, e mesmo que tivéssemos publicado um artigo denunciando Mata Hari eles diriam que "não notaram nada", para irem diretamente ao ataque. O mesmo se pode dizer de Bourrinet. O GCCF é um grupo jovem sem experiência e em busca de esclarecimento, sensível à adulação de Gaizka e do GIGC/Bourrinet.

[22] Idem

[23] Idem

[24] Ver nota (1) do mesmo artigo.

[25] Lavrov Pyotr Lavrovich (1823-1900) filósofo, sociólogo e jornalista russo, partidário do populismo; membro da I Internacional que participou da Comuna de Paris.

[26] Na Alemanha, o relatório foi traduzido como "Um complô contra a Internacional" e, por isso, nos trabalhos citados, Engels refere-se ao relatório da Comissão de Inquérito de Haia em vez de "A Aliança da Democracia Socialista e a Associação Internacional dos Trabalhadores", mas é o mesmo relatório.

[27] Engels refere-se assim a Pyotr Lavrov, como ele explica no início do artigo, a fim de respeitar o anonimato que ele escrupulosamente lhe exige e do qual Engels zomba, já que o verdadeiro nome do editor de Vperyod é bem conhecido tanto na Grã-Bretanha como na Rússia; ele propõe, portanto, referir-se ao autor como Peter, "um nome muito popular na Rússia".

[28] Engels, Refugee Literature III, Marx/Engels Collected Works, 2010 Lawrence &Wishart Electric Book, Vol 24 pag 21-22 (tradução nossa)

[29] Partido Socialista Operário Espanhol

Rubric: 

Defesa do meio político proletário