Submetido por CCI em
Há um século, os operários já lutavam para impor à classe dominante o direito de existência de suas organizações sindicais.
Hoje, os governos da classe dominante tudo fazem para que os operários em luta não ultrapassem os sindicatos e não continuem a abandonar essas organizações.
Os sindicatos ainda são organizações que defendem os interesses da classe operária?
O sindicalismo permite, na nossa época, impedir ou mesmo limitar o ataque permanente da burguesia às condições de existência dos trabalhadores?
Qual é o futuro da luta operária?
Como lutar?
São essas perguntas que este livreto, publicado pela primeira vez em 1974, quer responder. E as respostas estão, abaixo, resumidamente apresentadas.
Depois da primeira guerra mundial, os sindicatos tornaram-se parte do aparelho do Estado capitalista.
A forma sindicato corresponde ao capitalismo florescente, historicamente ascendente, da segunda metade do século XIX. Então, o capitalismo podia admitir reformas duráveis, em favor da classe operária. O proletariado se unia na luta por reformas (sindicalismo, parlamentarismo). Ao contrário, no capitalismo decadente dos últimos 70 anos (dos quais: 30 de crise econômica e 10 de guerra mundial, sem contar as guerras locais permanentes) o capital intensificou a exploração, a miséria, a barbárie, a alienação da vida até os seus últimos limites. O capitalismo não é mais capaz de conceder reformas, isto é, não é mais reformável.
Para sobreviver e incapaz de resolver a crise econômica, o capitalismo impõe uma dominação cada vez mais totalitária: o estado tornou-se uma máquina gigantesca que absorve e controla toda a vida social. "Democrático", nos países industrializados do ocidente; "burocrático", nos países sob regime stalinista; "militar", na maioria dos países subdesenvolvidos, o capitalismo decadente é essencialmente um capitalismo de Estado.
Portanto, a eficácia de uma luta operária depende diretamente da capacidade de impor uma relação de forças suficiente ao Estado capitalista, da capacidade de assumir seu conteúdo político. Ou seja, da capacidade de afirmar de maneira intransigente seus próprios interesses de classe contra os do capital: a lógica exploradora do lucro.
Por isso, a dinâmica de extensão constitui a principal força de uma luta operária. Só o desenvolvimento do número e da unidade das forças proletárias no combate pode impor, ainda que momentaneamente, uma relação de forças que obrigue o Estado a recuar e questione a lógica absurda e bárbara do capital em crise.
A luta sindical separa o econômico do político e enquadra o proletariado no interior da opressão econômica capitalista, segmentando-o em setores, ramos e nações. Na nossa época é, pois, totalmente inadequada e nociva. O sindicalismo não fortalece mais a classe operária. Ele a divide e condena à derrota.
A perspectiva da luta operária é a de assumir cada vez mais um conteúdo anticapitalista, afirmando seu caráter de classe e assim sua unidade, destruindo todas as barreiras: corporativistas, setoriais, raciais, nacionais, sindicais.
Por isso, a classe operária tem de desconfiar das organizações sindicais, por mais "radical" que seja o discurso que as apóia. É o conjunto dos trabalhadores em luta que deve organizar e dirigir seu combate.
Intransigência na defesa de seus interesses de classe, extensão da luta e auto-organização são as armas principais de toda luta operária conseqüente no capitalismo decadente.
O futuro da luta operária é o confronto cada vez mais global e generalizado contra todos os defensores da ordem estabelecida. Confronto que terminará formulando claramente a alternativa fundamental: barbárie capitalista ou revolução comunista mundial.
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Este é, em resumo, o conteúdo deste livreto. Depois de 1974, data de sua primeira publicação, estas análises se confirmariam. O fim dos anos 70 e o começo dos anos 80 não as desmentiram.
Na realidade, esses anos e, particularmente os anos 80 - "os anos da verdade" - desnudaram as contradições profundas que se produziram, durante mais de meio século de decadência, no sistema capitalista.
O agravamento e a generalização da crise econômica capitalista exacerbaram o antagonismo entre as duas classes principais da sociedade: o proletariado e a burguesia. A crise se torna cada vez mais evidente o antagonismo irreconciliável entre a lógica da economia capitalista e as necessidades das massas operárias e da humanidade.
Todos os elementos dessa hedionda realidade, as tendências essenciais do capitalismo decadente e da luta de classes que fundamentam nossas análises se confirmaram plenamente.
Nos anos 80, aparece cada vez mais claramente, desde que se encare a realidade:
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a integração dos sindicatos no Estado capitalista;
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a impossibilidade de reformar o capitalismo, em benefício da classe operária;
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a necessidade de uma resposta política, massiva e radical da classe operária;
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a integração dos sindicatos ao Estado capitalista;
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a responsabilidade histórica da classe operária pelo futuro da humanidade.
Examinemos cada um desses pontos, relacionando-os às experiências da luta proletária dos últimos anos.